Passei um sufoco danado em minha última visita ao Brasil. Minha filha levou várias picadas de borrachudo em nossa estada no litoral norte de São Paulo. Até aí toda a nossa família levou, mas ela coçou e coçou as picadas, até que essas se inflamaram e acabaram infeccionadas.
A pediatra prescreveu uma série de medicamentos para tratar as feridas, incluindo um antibiótico. Como estamos acostumados a comprar medicamentos genéricos nos Estados Unidos, nem questionamos quando nos deram o remédio genérico na farmácia, simplesmente pagamos e pronto.
Iniciamos o tratamento na maior tranquilidade, as feridas eram feiosas mas localizadas, ela não tinha nem dor nem febre, e a pediatra nos disse que em quarenta e oito horas deveríamos ver sinais de melhora.
Na manhã do terceiro dia após o inicio do tratamento, ou seja, passadas quarenta e oito horas, minha filha amanheceu com os pés inchados e doloridos. Estavam muito feios, levei o maior susto. Fomos ao pronto-socorro onde recebemos a noticia que a infecção havia atingido a camada subcutânea e que ela deveria ser internada imediatamente para receber medicação intravenosa, pois o antibiótico que ela estava tomando via oral não havia feito um bom trabalho.
– Mas este não é o medicamento indicado?
Perguntei eu ao pediatra do hospital mostrando a caixa do antibiótico.
– Ah, você comprou genérico.
Me respondeu o médico naquele tom de quem acaba de desvendar um quebra-cabeças. Ele me explicou que infelizmente nem todos os genéricos brasileiros seguem padrões de qualidade de “primeiro mundo”. Apesar do Brasil ser um grande exportador de medicamentos genéricos, somente países subdesenvolvidos e em desenvolvimento compram. Nem a Europa nem os Estados Unidos compram genéricos brasileiros por questões de baixo controle de qualidade.
Ou seja, se eu tivesse comprado o medicamento de referência, que é como se chamam os remédios da marca oficial, teríamos evitado uma estada de quatro dias no hospital, e muito nervoso.
Pesquisa feita pela Asspociação de Consumidores Proteste (clique no link e veja documento completo – Pesquisa Genéricos v3.1) demonstra que um percentual respeitável de médicos tem restrições ao uso de medicamentos genéricos no Brasil, conforme demonstra a análise publicada no site do CFR-ES – Conselho Regional de Farmácia do Espirito Santo, baseada no estudo.
Aparentemente alguns laboratórios oferecem controles de qualidade superiores, portanto se for optar por medicamento genérico no Brasil, converse com seu médico, pergunte se o remédio receitado tem genérico de qualidade, e que laboratório ele recomenda.