Eu acho que ser mãe é a experiência mais extraordinária que uma mulher pode ter, em qualquer lugar do mundo, faz parte da nossa natureza, consciente ou inconscientemente.
Hoje comemora-se o dia das mães na maior parte do mundo. (Sim, descobri ontem que na Hungria, por exemplo, o dia das mães foi domingo passado, eles comemoram no primeiro domingo de maio). Meu texto de hoje é um depoimento sobre como eu encarei o desafio de ser mãe expatriada na Alemanha.
Viver longe de casa tem seus pontos negativos e positivos, como tudo na vida. Minha gravidez não foi das mais fáceis, eu precisei ficar os últimos 3 meses em repouso. De uma hora para outra, literalmente, tive que trocar o “oba-oba” e ir direto para o hospital, sob pena de meu filho nascer pré-maturo demais, com poucas chances de sobreviver. Fiquei 8 semanas deitada, metade desse tempo no hospital e eu só estava autorizada a levantar para ir ao banheiro. Pensa se eu questionei a orientação do médico?
Situações como essa já deixa-nos numa situação difícil quando se é sozinha (sem filhos), uma doença minha com uma criança pequena causaria muitas outras complicações. A simples idéia de ter outra gravidez difícil e precisar ficar em repouso com meu filho menor de 3 anos acredito que, inconscientemente, impediu uma segunda. A responsabilidade é muito grande e talvez minha cabeça não estava preparada para lidar com isso naquele momento.
Por outro lado, eu tomei esse tempo em repouso para mim e meu filho. Foi uma fase de descobertas do que eu era capaz, da força que existia em mim e eu nem sabia. Eu estava gerando uma outra vida e isso era a única coisa que importava, um sentimento que eu nunca vou esquecer. Foi aí que comecei a ser mãe.
Quando Gabriel nasceu tive o apoio de minha sogra durante 3 meses. Então ela se foi e eu precisei tocar o barco sozinha. As decisões eram minhas (e algumas vezes do pai – risos), não havia ninguém para discutir e opinar se aquilo é bom ou não. Eu li muito sobre o assunto, mas havia coisas que achava que tinham que ser feitas do meu jeito e pronto. A minha parceira de blog deu um nome bonito pra isso: “empowerment” (adorei!).
O fato de viver longe de casa também impulsiona a se procurar apoio por perto. Eu entrei em todo tipo de atividade com meu bebê: natação, grupo de brincar (os chamados “play groups”), ginástica, visitas ao parquinho. E comecei a me relacionar com muitas mães, a investir na amizade com as que eu me identificava. E percebi que à minha volta havia muitas famílias alemãs que, por um motivo ou outro, também viviam longe de suas famílias e tinham tanto apoio e/ou a presença dos pais quanto eu, senão menos.
Como eu disse, tudo tem seu lado bom e ruim. O meu jeito de tirar o melhor proveito disso foi observar e fazer um julgamento o mais imparcial possível do modo como as crianças são criadas aqui e no Brasil. Então procurei incorporar o que há de melhor nas duas culturas.
Vou citar um exemplo, entre muitos que há. As crianças aqui são mais quietas, controladas, têm mais limites. No Brasil há mais flexibilidade, menos cobrança, mais espaço para criatividade. Será que dá para combinar os dois? Estou experimentando, isso faz parte do jogo também. Meu modelo de criação é diferente do modelo vigente, pois não é nem A nem B, é um AB…
Esse é meu jeito de ser mãe. Aprendi a ser mais consciente de minhas ações, a me preocupar em dar o exemplo certo, a vivenciar a diversidade e a valorizá-la, a romper com paradigmas de minha própria cultura, incorporando o que acho que funciona melhor na outra. Faço isso achando que vai dar certo… mas só o futuro dirá.
Claro que tenho minha “musa inspiradora” – a minha própria mãe!!! Ela, que me ensinou tantas coisas e ainda ensina… Que também foi mãe expatriada no seu próprio país, que também experimentou um modelo novo… Às vezes paro para pensar em quantas semelhanças há em nossas histórias.
Um beijo bem carinhoso, mãe… Esse é o lado ruim de ser expatriada. Às vezes tenho minha mãe por perto. Às vezes, não.