Hoje estou oficialmente inaugurando o blog (de minha parte) e quero aproveitar pra falar do Carnaval, já que estamos em pleno feriado no Brasil. Sim, no Brasil, porque aqui não é feriado, não! Nem um mísero dia, nem na terça-feira! Foi a primeira coisa que me chocou em se tratando de Carnaval aqui. Só as escolas primárias e secundárias não funcionam, mas os trabalhadores que querem folga têm que tirar o dia de férias!
Na região onde vivo Carnaval é bem tradicional. Os das cidades de Colônia e Mainz são os maiores e mais famosos do Estado, com desfiles (aqui se fala “Umzug”, que quer dizer mudança, como na Bahia) na segunda-feira de carnaval que reúnem uma multidão de foliões vindos de vários outros Estados, dispostos a festejar o dia todo, a noite toda…
No sábado, domingo e terça-feira acontecem os eventos menores, nas vilas e pequenas cidades como a minha, onde as comunidades se organizam e o carnaval acontece com o desfile de vários blocos compostos pela associação desportiva, a escolinha, a juventude católica, o pessoal da velha guarda, etc. Os foliões acompanham um caminhãozinho, um trator, uma perua todo enfeitados e do alto se jogam doces (pipoca, chocolate, por exemplo) para as pessoas que aglomeram-se nas calçadas.
Eu acho muito impressionante o carnaval daqui. Há as associações carnavalescas, que iniciam os trabalhos de preparação no dia 11.11 do ano interior, as pessoas se inscrevem nas mudanças, preparam as fantasias, ensaiam… semelhante, não? O clima de alegria é muito parecido com o nosso. As pessoas aguardam esses dias para extravasar e fazer coisas que só se fazem nesses dias…
E me admiro que saia um carnaval que traz tanta diversão, tanta folia, numa cultura cujo ponto forte não seja sua alegria, descontração e criatividade. Principalmente porque falta uma coisa… um pequeno detalhe chamado MÚSICA. As mudanças a que já assisti eram acompanhadas por um aparelho portátil de som, que tocava a música brega daqui– chamada de Schlager – ou no máximo um bate-estaca da discoteca na tentativa de fazer o povo mexer as “cadeiras” pelo menos pelos poucos metros em que se ouve o som…
A conclusão a que chego é que há certos momentos em que se percebe fortemente a diferença entre o que é falar uma língua e pertencer ou crescer em uma cultura. Por mais que eu me esforce, que conviva com as pessoas, que faça amigos alemães, há um limite entre o que posso usufruir e o que não posso. Carnaval pertence a uma delas.
Claro que acompanho a festa, levo meu filho pra participar e acho até algumas músicas divertidas, mas nunca vou conseguir sentir a emoção de quando vejo o carnaval do Brasil, pela internet que seja. A energia é tão outra e a identidade cultural está mais presente do que normalmente. Ela nunca me deixa esquecer de onde eu vim, qual é minha raiz. E tenho muito orgulho dela. De verdade.
Um bom resto de carnaval para todos!
Beijos
Sandra