Pontualidade germânica!

Uma coisa eu não entendo: de onde surgiu o termo “pontualidade britânica”? Só porque o Big Ben fica em Londres não significa que os ingleses sejam o povo mais pontual do mundo! Eu tenho motivos para acreditar que são os alemães que ganham essa parada. Para defender minha teoria vou citar alguns exemplos…

Os alemães levam esse assunto muito a sério. Para eventos profissionais não é de surpreender, pois até no Brasil se você por exemplo chegar atrasado em uma entrevista, esqueça. Reuniões têm horário para começar E acabar, que quase sempre são cumpridos.

A Alemanha também é conhecida pela pontualidade do seu sistema de transporte público. O que me admira é que, planejar os horários de chegada e saída de trens pode ser relativamente fácil se comparado ao planejamento dos ônibus. Aqui trens e ônibus programados para chegar às 9:42, chegam às 9:42! Percebe-se que o ônibus está para chegar quando começa a haver aglomeração no ponto…. não adianta chegar antes, não! Todo o sistema já está disponível para consulta nos celulares e isso torna ainda mais fácil a locomoção.

O que me causa espanto e, no começo também um certo desconforto, é que eles são assim nos eventos privados também. Aqui churrascos, encontros, bate-papos e coisas do gênero normalmente são marcados com dias, semanas, meses de antecedência! Os alemães gostam da previsibilidade e, quando se marca, está juramentado e sacramentado, mesmo que seja de boca. E o que se espera é que o convidado seja educado e chegue na hora. Nem 10 minutos antes, nem 10 minutos depois.

Férias são agendadas para o ano todo e muitas vezes também anos à frente. A vantagem é que aqui o funcionário tem o direito de dizer quando quer tirar férias. E tem que haver um motivo muito forte para o empregador negar o pedido. Então eles se programam no período que melhor lhes convém, fazem reserva nos hotéis, voos e pacotes de viagens. Tudo bem organizadinho… para não dar nada errado!

Outro exemplo de experiência intercultural inesquecível aconteceu com uma brasileira na visita prévia à sua transferência. Essa visita pode incluir a escolha do local de moradia, a escola dos filhos, a compra do carro e por aí vai.

Pois bem, a “madrinha” que a estava acompanhando marcou às 13 horas uma visita a um imóvel. A madrinha a pegou em casa e chegaram às 12:55 ao local combinado. E então a brasileira desatou os cintos e ia abrindo a porta para sair. A madrinha então disse: “Vamos esperar, chegamos 5 minutos mais cedo”.  O meu leitor ou minha leitora deve estar fazendo a mesma cara que a personagem da história fez. “Quê?”. Isso mesmo, elas ficaram esperando dentro do carro, combinado é combinado….

A única similaridade com a pontualidade brasileira que observo aqui é o horário de atendimento nos consultórios médicos. Esqueça, você nunca vai ser atendida na hora. Eles dizem que é por causa dos “encaixes”, mas o que dizer de uma consulta que dura 15 minutos representar uma manhã toda no pediatra? Simplesmente inaceitável!!

A pontualidade por outro lado representa uma certa pressão para muitos nativos. Em nosso círculo de amigos, por exemplo, tem de tudo. Mas o que eu noto é que uma maioria crescente deles adora poder “usufruir” da nossa flexibilidade. Na nossa casa é assim: mais ou menos tal hora, a partir de tal hora. Hora para acabar? Brasileiro não sabe o que é isso! Se está bom, vai ficando… e assim aconteceu uma situação bem interessante.

Um casal de amigos com duas crianças vieram para um almoço de Páscoa. No dia demos tanta sorte que foi a Páscoa mais ensolarada e quente que já tivemos aqui. Eles chegaram no horário (12:30 h) e trouxeram o que havíamos combinado. Eu, bem prevenida, fiz compras pensando numa tarde gostosa no jardim. Afinal o dia estava reservado para eles mesmo. Quando chegou pouco antes das 4 da tarde, a esposa já estava juntando suas coisas para ir embora. Isso me causou espanto, porque estava realmente um dia muito gostoso, nosso papo e a brincadeira da criançada estava rolando solta…

Foi aí que perguntei o porque dela estar se aprontando para sair. E ela me respondeu que tinha sido convidada para o almoço… Olhei para ela e disse que, na nossa casa, não tem que sair na hora do café. Ela me olhou com surpresa nos olhos e desistiu da idéia. Coloquei a mesa para o café, servi bolo (um hábito típico alemão), sorvete, frutas, suco… e seguimos a tarde. Eles foram embora às 7 da noite. Desde esse dia eles aprenderam e se comportam como nós: chegam atrasados, são os últimos a sair, vão ficando… parece que estão de férias! Viva a diversidade!

Outlets Americanos

É difícil um brasileiro planejar uma viagem aos Estados Unidos e não incluir no roteiro alguns dias de compras, e faz muito sentido, afinal os preços de praticamente tudo são mais baixos aqui que no Brasil.

Este é o primeiro de uma série de artigos que vou postar sobre compras nos Estados Unidos que incluirão além de Outlets:

Lojas de Departamentos;

– Eletrônicos;

– Sam’s Club, Costco e BJ’s;

– Lojas de Consumo Massivo (Wal-Mart, Target, etc.);

– Supermercados e Farmácias.

Outlet Malls nos Estados Unidos

Outlet Mall (em inglês shopping center chama-se mall, que se pronuncia mól), nos Estados Unidos é coisa séria. Estes imensos centros de compras tem pontas de estoque das principais marcas americanas de roupas, calçados e acessórios, para adultos e crianças, como Nike, Polo, Gap, Levi’s, Guess, etc. E alguns deles como o sofisticado Premium Outlet da Vineland Avenue em Orlando surpreendem ainda mais com lojas da Fendi, Giorgio Armani e Prada, entre outras marcas europeias fabulosas. E para quem curte equipamento de som sofisticado, a Bose costuma ter suas lojas em outlets.

Os americanos também compram nos outlets, e estes empreendimentos fazem tamanho sucesso que várias marcas desenvolvem linhas de produtos específicos para este canal.

Algumas lojas de departamentos, têm nos outlets suas pontas de estoque, como a Last Call da Neiman Marcus e a Off 5th da Saks Fifth Avenue, onde você pode garimpar marcas sofisticadíssimas do mundo todo.

Nos links abaixo você encontrará os endereços dos principais outlets dos Estados Unidos organizados por estado, com endereços completos e listas de lojas e serviços que cada um oferece. Dificilmente não haverá um outlet próximo de onde você se hospedará, ou viverá em caso de expatriação.

Vale a pena rodar uma hora para ir  a um deles? Com certeza! Comece suas compras sempre no outlet, para evitar passar o nervoso de ver itens que você já comprou sendo vendidos pela metade do preço.

Outlets:

– Premium Outlets:

http://www.premiumoutlets.com/centers/index.asp

– Tanger Outlets:

http://www.tangeroutlet.com/center/

– Simon Malls – uma grande parte dos outlets americanos são administrados pela Simon inclusive o fantástico Sawgrass Mills na Flórida:

http://www.simon.com/search/SearchResults.aspx?us=1

– Outlet Bound – site de localização que oferece avaliação de outlets:

http://www.outletbound.com/

-USA Outlet Malls – site de busca por estado:

http://www.usaoutletmalls.com/usa-outlet-malls-about-us/

– Last Call by Neiman Marcus:

http://www.lastcall.com/

– Saks Fifth Avenue Off 5th:

http://www.off5th.com/CN/Channelnet.cnsp?cn=sitebuilder&act=view&crt=sitekey=3

Se você não tiver tempo de muita coisa, só uma visitinha a um destes templos de consumo te farão feliz.

Banquete Chinês? Socorro!

Salão preparado para um banquete chinês.

Quando morávamos na China, fazia parte do trabalho do meu marido socializar-se com empresários locais, portanto ele rapidamente  aprendeu como sair para comer fora com chineses em suas casas de banquetes, restaurantes tradicionais onde eles adoram fazer almoços e jantares de negócios, e também celebram casamentos, aniversários, etc. Se você for convidado por um chinês, para uma refeição em uma casa de banquetes, prepare-se. Pode levar terço, imagem de Iemanjá, cristais, raminhos de sete ervas, o que estiver a sua disposição para te ajudar a segurar a aflição, pois é muito difícil disfarçar o desgosto quando alguém tira o par de pauzinhos chineses da boca, pega um pedaço, sei lá do que, de uma travessa, põe no seu prato, e fica te encarando esperando você comer.

Este quadro se complica quando você descobre que somente o anfitrião recebe um cardápio, e pede para todos. Não tem choro nem vela. A não ser que você compreenda mandarim, você só saberá o que vai comer quando os pratos forem servidos. As travessas são colocadas no centro da mesa que em geral é rotatório, tipo “lazy-Susan” como dizem os americanos, e todos se servem com seus pauzinhos, aqueles mesmos que eles usam para levar a comida à boca. O prato a sua frente é pequeno, como um pratinho de sobremesa, e conforme se enche de ossos, e outras partes indesejadas, vai sendo substituído. No mínimo pede-se um prato de carne vermelha, um de peixe, um de frango, um de porco, um vegetal quente e um frio. Para finalizar arroz, e como sobremesa frutas a alguns docinhos de feijão deliciosos. Dependendo do tamanho do grupo e da ocasião pedem-se muitas variações dessa combinação. O Flavio chegou a atender um banquete com trinta e três pratos diferentes.

Não é verdade que em toda China come-se absolutamente de tudo. As pessoas nascidas em Shanghai, por exemplo, não têm costume de comer escorpião ou carne de cachorro, mas como Shanghai é uma metrópole que recebe chineses de todo o país em busca de melhores oportunidades, encontra-se de tudo. Os Shanghaineses, no entanto, têm preconceito contra os emigrantes de outras províncias, e dizem que eles comem tudo que tem quatro pernas, menos as mesas e as cadeiras porque elas não andam. Quando eu ouvi essa estória de uma Shanghaines de classe média muito bem vestida eu pensei aliviada, que maravilha. Delirei!

Os mais jovens de classe média para cima, em Shanghai e Beijing, digamos abaixo dos quarenta anos, em geral são vaidosos e cultivam boas maneiras. Preciso destacar que conheci muitos chineses cultos, bem vestidos, e de excelentes maneiras, entre os colegas de trabalho do Flavio e no bairro onde morávamos, mas essas são exceções. A maioria da população tem sérias deficiências no quesito higiene pessoal, e nos modos e costumes. Porém todo chinês é orgulhoso, e um desrespeito aos seus costumes pode atrapalhar uma negociação, e aqui entre nós, acho que eles se divertem nos colocando em saias justas.

Pois bem, os primeiros banquetes chineses do qual participei vieram carregados de pressões sociais, gafe nem pensar, afinal foram todos durante a semana de abertura das Olimpíadas de 2008 em Beijing, onde meu marido fazia parte da comitiva da Kodak, empresa para a qual ele trabalhava na época, e que era uma das patrocinadoras oficiais dos jogos. Lá participamos de vários eventos, o primeiro foi um banquete maravilhoso no Grande Salão do Povo que fica na Praça da Paz Celestial. Este evento incrível, num prédio histórico tão importante onde se recebem dignitários, foi elaborado para agradar aos ocidentais presentes, incluindo o Board da Companhia, e clientes convidados pela empresa, grandes empresários vindos de todas partes do ocidente para atender aos jogos. Também participaram diretores gerais, como o Flavio, que foram a trabalho para receber e acompanhar os clientes durante os eventos Olímpicos e de negócios. Foi um momento inesquecível, absolutamente espetacular. E eu que havia chegado de mudança a Shanghai fazia apenas uma semana, deixado minhas filhas na nossa nova casa com meus pais, e embarcado para Beijing especialmente para atender aos jogos olímpicos com o maridão, estava nas nuvens.

No dia seguinte assisti a abertura dos jogos de uma cadeira numerada muito bem localizada e fui das nuvens ao paraíso, que show fantástico. E assim seguia eu, deslumbrada com os chineses, sua cultura milenar, e suas comidas, que até então tinham sido preparadas para o paladar ocidental, para o meu paladar. Na nossa terceira noite em Beijing participaríamos de um banquete para os clientes locais da companhia, empresários vindos de várias províncias da China a convite da Kodak, e que estavam muito curiosos para conhecer o novo gerente geral da companhia na Ásia, meu marido, chique mesmo isso, e eu estava animadíssima para mais um banquete maravilhoso.

Garrafinha discreta de Baijiu - totalmente desproporcional ao quanto se bebe.

Garrafinha discreta de Baijiu - totalmente desproporcional ao quanto se bebe.

O grande porém, que a deslumbrada aqui não considerou, é que este banquete deveria impressionar a um grupo de empresários chineses com suas esposas. O cardápio escolhido com antecedência tinha sido elaborado para agradar aos clientes, óbvio, e meu marido e eu seríamos, não apenas os únicos ocidentais, mas a principal atração. O Flavio nunca havia me chutado por baixo da mesa, mas naquela noite achei que minhas canelas ficariam roxas. Ainda bem que existe baijiu (se diz baidjou, que significa literalmente bebida branca, e em português chamamos de whisky de arroz ) um destilado com quarenta a sessenta por cento de teor alcoólico tradicionalmente feito de sorgo, mas que pode também ser de outros grãos como trigo, cevada, painço e arroz, dependendo da província.

O baijiu é servido em pequenos copos, como aqueles de vodca, mas um pouco mais baixos, e a prática é dizer entusiasmadamente gan bei (pronuncia-se gambei que significa beba tudo em mandarim, e se usa como usamos a palavra saúde quando brindamos), virar o copo e somente depositá-lo de volta na mesa vazio, não pode sobrar nem um golinho para o próximo brinde. Durante banquetes chineses brinda-se muito, e por qualquer coisa, o que me ajudou bastante naquele dia. Caros leitores(as) eu não sou de beber, mas em minha defesa preciso dizer que tem comida que só desce com álcool, muito álcool.

Pois bem, chegamos ao evento, fomos apresentados a todos os convidados, e nos sentamos numa mesa cercados pelos maiores clientes da companhia na China. O que eu ainda não sabia, mas significava se danou querida. Estes senhores, na maioria acima dos cinquenta, e suas esposas, na minoria acima dos cinquenta, estavam animadíssimos, e conforme os pratos foram chegando a mesa se puseram a falar de sua gastronomia com entusiasmo. Os chineses tem muito orgulho de sua gastronomia, Deus os abençoe, como diz o pessoal do sul dos Estados Unidos. Enquanto eles falavam eu sorria e tentava arduamente compreender o inglês deles, e de repente um pedaço não sei do que apareceu no meu prato diretamente do hashi (pauzinhos chineses) de um senhor sentado ao meu lado. Senti um chute na canela, me empertiguei, peguei o item e enfiei na boca sorrindo e assentindo com a cabeça, ufa era uma carninha parecida com frango que eu não perguntei o que era exatamente, preferi ficar na ignorância. Meu colega de refeição assentiu sorrindo satisfeito, e meu marido deu tapinha encorajador no meu joelho por baixo da mesa. Socorro! Pensei eu desconsolada, e meu marido ergueu seu copo e gritou gan bei! Todos repetimos gan bei e viramos nossos copos. Detalhe, se alguém na sua mesa grita gan bei todo mundo tem que beber junto.

Tentei manter meu pratinho cheio de comidas que pareciam palatáveis com a ajuda do Flavio, para não deixar espaço para contribuições do meu vizinho, mas vira e mexe aparecia alguma coisa desconhecida. Para eles isso é extremamente simpático, e eu não estava em posição de contrariar ninguém sob pena de ofender algum cliente importante da companhia, e gerar problemas futuros para o meu marido. Os chineses guardam rancor social pra valer.

Peixe Assado no Vapor - Eu gosto de peixe, mas preparado assim só para quem come desde criança.

Seguia eu orgulhosa da minha atitude positiva diante da situação quando chega a mesa um peixe assado, um tanto pálido, mas bem bochechudo. Acontece que as bochechas dos peixes são iguarias muito apreciadas pelos chineses. Meu vizinho disse algo em mandarim, todos os chineses concordaram sorrindo, e ele então removeu uma das bochechas do peixe a nossa frente com seu hashi, e depositou no meu pratinho. Olhei para aquele pedaço de gordura gosmenta no meu prato e sem querer arregalei os olhos, meu marido me deu um chutaço por baixo da mesa e eu comecei a rir, meio histérica meio bêbada. Quando levantei os olhos notei o silencio observador dos nossos colegas de mesa, acenei com a cabeça rigorosamente enquanto ria para a aprovação geral do meu público, me alinhei, e enquanto com uma mão pegava a bochecha do peixe na ponta dos meus pauzinhos, com a outra levantei o copo misericordiosamente cheio até a boca e gritei GAN BEI! Enfiei aquele treco liguento na boca e virei o baijiu em cima. Meu público aplaudiu, e depois disso não lembro mais nada.

Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça do tamanho da China e um gosto horrível na boca, mas o Flavio disse que eu arrasei no banquete e que saí de lá andando com as minhas próprias pernas.

Para quem gostaria de tentar um banquete chinês há um contato interessante no link abaixo que descreve um em detalhes:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/comida/ult10005u368510.shtml

Location ratings 2012 – como anda a qualidade de vida pelo mundo…

Em um estudo recentemente concluído pela consultoria ECA International foi avaliada a qualidade de vida de 265 cidades no mundo inteiro, sob a referência europeia. O objetivo do estudo é fornecer base de cálculo para o pagamento de ajuda de custo a funcionários expatriados para que estes consigam manter o padrão de vida na nova cidade, independente da cidade de origem.

O estudo “Location Rating” avalia qualidade do ar, clima, sistema de saúde, possibilidades de integração, criminalidade e segurança, possibilidades de contato social e oferta de atividades de lazer, infraestrutura e tensões politicas. De acordo com a consultoria, o ranking leva em consideração também a relação entre as condições de vida na cidade de origem e na de destino.

O resultado desse ano mostrou que Berna (Suíça) e Copenhagen (Dinamarca) são as cidades que oferecem a melhor qualidade de vida no mundo, seguidas por Luxemburgo. Stuttgart, Antuérpia e Genebra aparecem em 4. lugar. A lista com as cidades top 50 para expatriados europeus, assim como as 10 piores cidades, estão no link:

http://www.eca-international.com/news/press_releases/7654/ – .T54wcO3vYYM

As cidades alemãs Stuttgart, Düsseldorf, Munique, Frankfurt, Bonn, Hamburgo e Berlin aparece entre as top 15 locations. Os principais motivos apontados foram a segurança, boas escolas, qualidade de moradia, limpeza do ar e a excelente infraestrutura. Paris e Madrid estão empatadas no 23. lugar, Londres ficou em 31. lugar (devido a preocupações com a segurança) e Moscou, 139.

Saindo do continente europeu, as cidades de Vancouver e Toronto no Canadá oferecem as melhores condições para expatriados e aparecem no 23. lugar do ranking, pelo fato de as diferenças culturais serem relativamente pequenas. A qualidade do ar, o sistema de saúde e oferta de mercadorias e serviços foram também avaliadas positivamente.

Na América do Sul os principais problemas apontados foram a falta de segurança e a poluição ambiental. São Paulo e Rio de Janeiro, que aparecem na 135. posição, assim como Cidade do México (146.), Caracas (185.) e Porto Príncipe (261.) tiveram nota muito ruim no quesito segurança. Santiago do Chile (85.) e Cidade do México (146.) tiveram mundialmente as piores notas para qualidade do ar.

As estrelas asiáticas foram Cingapura (66.) e Kobe (70.). Tóquio e Yokohama caíram do ranking após as catástrofes no Japão em 2011. A terceira colocada na Ásia foi Hong Kong, apesar da qualidade do ar ser ruim. Pontos positivos foram a existência de excelentes escolas, moradia, sistema de transporte e a oferta de produtos e serviços. Na China a vencedora foi Shanghai (127.), seguida de Pequim (129.)

Cidades indianas como Bangalore (159), Nova Deli (185), Chennai (194) e Mumbai (206) conseguiram notas boas nos quesitos escolas, moradia e oferta de bens para expatriados. O ponto negativo é o sistema de saúde.

Na Austrália foram Canberra (35), Melbourne, Adelaide (38) e Sidnei (46) eleitas as melhores cidades.

No Oriente Médio e África, tradicionalmente localidades de difícil escolha para europeus, várias cidades caíram ainda mais de posição em comparação a 2011. A situação politica piorou com o aumento de tensões sociais aumentaram a preocupação com a segurança. Trípoli caiu 29 posições, para o 257 lugar e Cairo caiu de 156 para 178. Damasco caiu 25 posicoes e ficou em 189. lugar. Para os europeus Tel Aviv (83) permanece a melhor cidade na região, à frente de Dubai e Doha (90) e Abu Dhabi (92).

No link abaixo estão várias publicações relativas a esse estudo produzidos em diversas línguas e sob perspectivas de diversas culturas, para quem quiser pesquisar mais.

http://www.eca-international.com/news/press_releases

Matéria e Anti-matéria

Até onde me consta, foi nos tempos de Hitler que a ideia de que não existe substituto para a mãe alemã no que diz respeito ao cuidado e educação de seus filhos foi propagada. Por isso as políticas de licença maternidade, construção de pré-escolas e berçários estimularam as mães a cuidarem dos filhos até os 3 anos de idade. Como consequência existe hoje na Alemanha falta de infraestrutura para atendimento às crianças de pré e ensino fundamental.

Há cerca de 4 anos foi ampliado o sistema nas pré-escolas para receber crianças a partir de 2 anos (antes era a partir de 3 anos). Meu filho fez parte da primeira turma de crianças no Kindergarten dele que começaram a frequentá-lo com 2 anos, para se ter uma idéia. Eu mesma recebi olhares de reprovação por parte de mães mais conservadoras, como se fosse pecado entregar o filho para outra pessoa cuidar aos 2 anos de idade! A mudança foi grande também para o sistema: adaptar instalações, treinar pessoal, mudar a rotina para acomodar hora do sono ou troca de fraldas, etc.

E as crianças de 0 a 2 anos? Recentemente saiu uma reportagem na revista Stern sobre a dificuldade de se conseguir uma solução que agrade a pais e crianças. As mães que precisam ou querem trabalhar não têm muita opção: contratar uma “cuidadora” que fica com o bebê durante o dia ou por algumas horas (o que é caro, pois tem que ser pago com recursos próprios), ou tentar a loteria de conseguir uma vaga em uma das raras instituições que os recebem.

Outro ponto importante é o período em que as escolas atendem. Pré-escolas só estão abertas até às 16:30 horas (quando muito!), escolas primarias até às 13 horas e recreação à tarde até às 17 horas (também quando muito!). Meu leitor pode imaginar a dificuldade que é se conciliar trabalho em período integral e família vivendo aqui.

As mulheres que já trabalhavam antes da maternidade gozam porém de uma situação bem mais confortável. Elas podem optar por não trabalhar 100% do tempo após a licença maternidade. E as empresas têm que aceitá-las de volta, pois não podem dispensá-las por esse motivo. É comum porém o remanejamento de funções após a licença, pois nem todo trabalho pode ser realizado por exemplo das 9 às 15 horas.

Há uma parcela considerável de mulheres que, por não conseguirem emprego no seu nível de qualificação, sujeitam-se aos chamados “minijobs” (trabalhos na área da limpeza, catador de lixo, atendente de posto de gasolina ou de padaria, telefonista, etc) ou empregos em período parcial. Quando elas se aposentarem, receberão uma quantia que claramente não será suficiente para cobrir suas despesas na velhice, pois não terão contribuído para o sistema de previdência.

Só para se ter uma idéia: uma trabalhadora que ganha 1440 euros em período integral terá depois de 35 anos de contribuição somente 500 euros de aposentadoria. (Nossa geração é a primeira que está fazendo plano de complementação de aposentadoria. Acabou-se era dos velhinhos abonados do pós-guerra, que deixam os filhos e netos em casa e viajam metade do ano pelo mundo.) Mulheres que só tiveram os chamados “minijobs” de 400 euros terão após 45 anos de trabalho míseros 139,95 euros!

O poder público não está conseguindo adaptar a estrutura ao mercado de trabalho com a velocidade necessária. A solução proposta pelo atual governo é instituir uma ajuda financeira para mães que se proponham a ficar em casa para cuidar dos filhos e, claro, abdiquem de suas vagas nas pré-escolas (chamado de Betreuungsgeld). Não sei o que é pior: a doença ou o remédio…

O “milagre” funcionaria assim: a partir de 2013 seriam pagos 100 euros, a partir de 2014 o salario-fogão seria de 150 euros…. Em um dos Estados onde esse sistema já foi implementado em 2006 só optam por esse auxílio – mínimo, diga-se – aquelas que já ganham pouco, pois a ajuda representa uma parte não desprezível do orçamento mensal.

Não é muito difícil imaginar o que acontecerá. O problema da empregabilidade das mulheres vai provocar uma onda de aposentadas pobres no país (calcula-se um aumento dos atuais 2% para 10% até 2025), principalmente na antiga Alemanha oriental, dizem os críticos. Para “solucionar” esse problema, o governo também está propondo um complemento de aposentadoria para essas mulheres que acham emprego nos “minijobs”, além dos seguros que já existem hoje….

No mesmo artigo o autor chamou as duas partes do plano de Matéria e Anti-matéria: quando se encontram, eles se destroem, desperdiçando uma enorme quantidade de energia. Ótima definição! Ao invés de investirem no sistema de educação primaria e pré-escolar para garantir condições das mães irem trabalhar e construir suas existências, arrumam soluções que se contradizem e que dificultam o reingresso no mercado de trabalho a essas mulheres, gerando pobreza. Como disse o autor da crítica, teria que acontecer uma revolta feminista no governo!

Situação de aposentado pobre nós brasileiros conhecemos bem. O que me assusta é que essa realidade pode estar chegando aqui, se não for feito nada para impedir. Tanto recurso e conhecimento pra quê? Assim como no Brasil, aqui política também é assunto para “gente grande”. Ajuda demais muitas vezes atrapalha…

Kartoffelpuffer (bolinho de batata)

Kartoffel (batata, em alemão) puffer é uma das comidas que eu mais gosto aqui. Está certo, nao recomendada para quem quer perder peso. Eu costumo comê-lo nos mercados de Natal e nas festas populares, onde sempre tem alguma banca vendendo.

Lá vai:

–       1 kg de batatas (por aqui há inúmeros tipos de batatas, vendidos já separados nos mercados. Se você conseguir aquela do tipo para salada ou batata frita, que após cozinhar não se “esfarela” melhor porque não junta água.)

–       1 cebola

–       salsinha bem picadinha

–       2 ovos médios

–       100 g de farinha de trigo

–       sal, pimenta do reino e nós moscada a gosto

–       gordura ou óleo para fritar

Descascar e ralar as batatas no ralo grosso. Picar a cebola e a salsinha. Num pirex juntar todos os ingredientes e temperos. Observar se precisa mais farinha, não pode ficar muito líquido, nem muito duro. Colocar óleo numa frigideira (sem cobrir os “Puffer”)

Quando o óleo ficar quente, coloque para fritar e procure fazer o formato de um hambúrguer. Fritar até estar dourado e a batata cozinhar, por isso não use o fogo no máximo.

O resultado você pode ver ao lado: 

 

Retirar, escorrer e servir. Pode-se acompanhar com:

– purê de maçã, como eu fiz – eu encontro pronto por aqui, mas se você não encontrar uma boa opção é usar a papinha de bebê de maçã.

– molho de alho – “crème fraisch” de alho. Também conhecido como “sour cream”, a base de creme de leite.

– salmão defumado

Ou o que a sua imaginação lhe disser!

Bom apetite!

Dia da Terra 2012

arvore dos continentes

Todos fazemos parte do mesmo sistema ecológico.

Em 22 de abril de 1970 foi celebrado o primeiro Dia da Terra. O objetivo do senador americano Gaylord Nelson era trazer os problemas ambientais do planeta para a esfera política americana que infelizmente segue até hoje esquiva como nos mostrou o Protocolo de Kyoto.

Hoje espera-se que um bilhão de pessoas no mundo inteiro se mobilizem em apoio ao Dia da Terra. Nossa missão é demonstrar claramente aos nossos líderes que queremos sim um futuro baseado em sustentabilidade num planeta onde as mudanças ambientais que nós geramos ameaçam nos destruir.

Frustrados com a falta de políticas internacionais “verdes”, ativistas buscam forjar um novo acordo a ser assinado em junho na conferência das Nações Unidas que terá como tema: “Economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza”. O evento está confirmado para acontecer de 4 a 6 junho de 2012, no Rio de Janeiro. A Rio 2012 vai marcar os 20 anos da Eco 92, que também ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Rio 92.

Temos divulgado o Dia da Terra em nossa página no facebook – http://www.facebook.com/hallohellonet– durante toda semana, e hoje que é o Dia da Terra parei para avaliar o que eu, como cidadã do mundo, faço pelo meu planeta. Honestamente, muito pouco, sigo o calendário do bairro com os dias e horários certos para regar as plantas, somente ligo lava-louças, lava-roupas e secadora quando estão devidamente lotadas, não deixo a torneira aberta enquanto escovo os dentes, tento não deixar luzes acesas em ambientes que não estão sendo usados, e reciclo de acordo com as regras da Georgia, que não são das mais completas, no geral essas são ações simples que não exigem sacrifícios, e que se todos praticarmos fazem diferença.

Mas agora tenho uma filha escoteira – brownie – que toma banhos eficientes de três minutos, usa o verso dos papéis que o papai imprimi para fazer rascunhos de lições, e anda pela casa apagando as luzes esquecidas. Ela é uma verdadeira polícia ecológica dentro de casa, só não encara a irmã de treze anos, que segue tomando banhos um tanto prolongados, porque não é louca, ela pede para eu interceder com a fera adolescente, espero que a moça aprenda a sonhar acordada a seco em breve.

Quando trocamos o telhado da casa há dois anos orçamos painéis solares, mas ficava muito caro, e teríamos que derrubar várias árvores do nosso quintal para termos boa exposição ao sol. Não valia a pena. Ainda há que se investir muito em tecnologias verdes para torná-las acessíveis.

O que um descuido é capaz de causar….

Essa história se passou em um dia quente e ensolarado de agosto do ano de 2004, o mês em que tudo que há de bom na face da Terra se encontra: verão e férias!! Eu havia estado por meses em uma escola de línguas, já conseguia pedir bem mais que água na padaria…

Na época eu morava num apartamento funcional da empresa onde meu marido trabalhava. Um apartamento até que bom, mas simples em seu mobiliário e acessórios. O prédio tinha uns 10 andares e elevador (coisa rara por aqui) e haviam 3 apartamentos por andar.

Pois bem, nesse dia inusitado, meus pais desembarcariam em Frankfurt para uma estada de 4 semanas em minha residência. Eu estava bem ansiosa e feliz pela chegada deles. Queria deixar tudo ajeitadinho, arrumadinho… sabe como é?

Fui levar meu marido em seu local de trabalho e voltei com nosso carro, para eu poder ir ao aeroporto buscá-los. Ao retornar dessa pequena viagem, entrei em casa, coloquei a bolsa em cima do aparador junto à porta e lembrei do lixo.

(Naquele prédio colocava-se o lixo num latão na saída de serviço comum, como no apartamento em que morava em São Paulo)

Entrei e, como disse, coloquei a bolsa de lado – para não atrapalhar – e fui buscar o saco. Abri a porta e saí bem correndo porque o dito estava pingando!! Oh droga, só me faltava essa, vou ter que limpar o corredor!!!

Então entrei novamente, peguei um paninho e saí para limpar a meleca que tinha deixado, antes que caísse no esquecimento. Estou acabando de limpar, junto à porta do corredor que fica quase colado ao apartamento de frente, quando ouço um “tuc” atrás de mim.

A PORTA FECHOU!!!!! – lembrei apavorada no mesmo momento.

Na Alemanha TODAS as portas externas das residências têm esse dispositivo que só permite que se abra pelo lado de fora com a CHAVE. Cadê a chave? Exato: dentro da bolsa que estava dentro do apartamento!

Estava trancada do lado de FORA!! O que fazer agora?

Minha primeira opção foi chamar o serviço de chaves. Mas como chamar, se meu celular e o cartãozinho do moço estavam dentro de casa? Eu ainda tentei tocar nos meus vizinhos, mas aparentemente só eu estava em casa naquele momento.

Esse descuido iria me custar uns 60 euros – que eu obviamente não tinha… Teria que ir ao banco, mas vamos lá. Foi aí que me lembrei da minha simpática cabeleireira, que tinha o salão há uns 150 metros dali. Fui até lá e na conversa ela acabou me emprestando primeiro uma escada. Afinal eu morava no 1. andar. Era só esticar um pouco o braço…

Em vão. Voltei com a escada para o salão. Era muito curta.

Quem teria uma escada maior? – pensei.

“Tem um apartamento no prédio em frente ao seu que está em reforma. Quem sabe os pedreiros não tem uma escada maior?” – ela sugeriu. E eu aceitei a sugestão.

Voltei ao local e fui perguntar. Eles tinham uma escada um pouco maior. Mas ainda insuficiente.

Quem teria uma escada maior? – pensei….

Esse meu vai-e-vem já tinha chamado a atenção de algumas pessoas da redondeza. Até que um comerciante me disse que tinha um amigo que trabalhava para uma empresa que prestava serviços de eletricidade e eles tinham uma escada que alcançava até os cabos de luz da rua. Se eles estivessem na redondeza poderiam colocar a escada no parapeito da janela e abrir a janela por dentro. (Detalhe: era verão e a janela estava tombada e não trancada)

Foi então que, em 30 minutos, esse amigo e equipe chegaram e conseguiram abrir minha janela!!! Eu nunca imaginei que teria tanto trabalho para entrar em casa! Tive que pular a janela, literalmente!!! Nossa, como posso recompensar esses bravos homens que vieram até aqui praticamente arrombar minha própria casa para eu poder entrar? Ofereci algo para os “heróis” tomarem e perguntei o quanto custava o serviço deles. “Nada, não.” Como nada? Resolvi então “pagar uma cervejinha”, eu não tinha mais do que isso mesmo na carteira…. pronto, me senti no Brasil!

Essa foi uma das primeiras vezes que usei meu alemão para me comunicar eficientemente, numa situação pra lá de estressante. Foi aí que percebi que os alemães são bem mais solidários do que eu pensava.

Enquanto isso meu marido nem suspeitava do mico que a esposa passava em casa…. Só então pude acabar de me “embelezar” para ir ao aeroporto. Haja stress!

Imposto de Renda nos Estados Unidos

leao

Apesar de parecer manso, o leão americano morde pra valer.

É hoje o último dia para a entrega da declaração de imposto de renda nos Estados Unidos. Aqui existem algumas diferenças gritantes que causam grande impacto quando a gente põe tudo na ponta do lápis.

A primeira é que gastos com escola particular não são descontados do imposto. Portanto a busca por um bom distrito escolar pode salvar o orçamento familiar.

Despesas médicas somente são descontadas se ultrapassarem o teto de 7.5% da sua renda bruta. Quem dispõe de seguro saúde tem em geral uma cobertura de 80 a 90% do custo total das despesas médicas cobertas pelo plano, portanto ninguém quer receber este desconto que indica sérios problemas de saúde na família.

O desconto mais significativo que se tem é referente aos juros da ipoteca da casa. Que aqui são baixíssimos. Portanto pode-se assumir que pagamos mais imposto aqui do que pagaríamos no Brasil, porém temos melhores serviços.

O que não muda em lugar nenhum é a natureza humana. Assim como no Brasil a maioria das pessoas deixa tudo para o último dia, e hoje estão em Rê Bordosa tentando fechar os números até a meia noite.

Minha vivência de pré-escola

Já que estamos falando em educação,  acho que chegou a hora de falar um pouco sobre o sistema daqui. Vou começar falando sobre a pré-escola.

As crianças de 02 a 06 anos vão ao Kindergarten (Jardim da Infância, literalmente, inclusive o conceito e o termo foi inventado aqui e copiado para o resto do mundo). Na escolinha do Gabriel, que era católica, haviam 3 grupos de 25 crianças cada, orientados por 3 educadoras. Há escolinhas menores, mas não conheço maiores. Há também as evangélicas e as públicas, sem confissão religiosa.

Em cada grupo há mistura de idades, não tem maternal, jardim e pré como no Brasil. As crianças de diferentes idades convivem e brincam no mesmo grupo, claro que respeitando os diferentes interesses. O interessante é notar que os mais velhos ajudam a cuidar dos mais novos, os que chegam. Acho que é por isso que os parquinhos aqui são tão tranquilos…

Não há programa pedagógico ou apostilas, também não é função da pré-escola alfabetizar. As educadoras estão lá para orientar e dar suporte às crianças no que elas têm vontade de fazer: criança tem que brincar. Alguns rituais e rotinas são encaixados na manhã da criança: música, círculo de conversa, rituais relacionados à Páscoa ou Natal, por exemplo.

Outro dia um brasileiro expatriado comentou essas diferenças comigo. Ele estava comparando o período em que os filhos dele iam à pré-escola em São Paulo. Todo dia havia um caderno, onde era anotado tudo o que as crianças faziam: o que e a que horas comeu, se dormiu, quanto dormiu, num nível de detalhe impressionante. Aqui não há nada disso. Educador é muito caro pra ficar escrevendo recadinho para pai e mãe, eles pensam. Anualmente há uma reunião, individual, com cada pai ou mãe, onde é falado sobre o desenvolvimento, os pontos fortes e os de melhoria de cada criança. E sempre que acontece algo que merece ser falado, a comunicação é feita na hora. Não senti falta de caderninho, não.

Quando a criança completa 5 anos ela é considerada um pré-escolar. Todas as crianças que irão para a 1a. série participam de um programa especial dentro do Kindergarten, que visa o preparo para a escola. Duas ou três vezes por semana uma parte da manhã para desenvolver atividades que trabalham melhor a coordenação motora fina para a escrita, as formas, eles passam a conhecer (oficialmente) algumas letras, etc.

O programa citado acima também visa minimizar problemas no início da vida escolar. De acordo com a mentalidade daqui, é uma mudança associada com bastante stress para as crianças. A criança passa não só a brincar, mas a ficar atento, a se concentrar, a seguir calendário, a fazer lição de casa…. Então o “peixe é vendido” devagar e de uma maneira a criar uma imagem positiva da nova situação.

A mochila é um símbolo dessa nova fase, ela geralmente é comprada com meses de antecedência. Além disso a criança vai junto para fazer a inscrição, faz visita na escola, onde participa de atividades em conjunto com os ex-colegas de Kindergarten que já estão na escola, há exame médico. No primeiro dia de aula todos recebem a “Schultüte”, um cone de papel e tecido em que é colocado um monte de presentinhos e doces para os recém escolarizados, há celebração religiosa e os alunos preparam uma festa para recepcionar os estreantes.

Ao final do Kindergarten cada um leva pra casa uma pasta grossa, tipo essas de arquivo. Durante os anos de Kindergarten eles mesmo decidem o que vai ser colocado na pasta. Isso estimula a independência da criança. O resultado é um “resumo” do que se passou… as atividades, os desenhos preferidos, a evolução, fotos, as avaliações, está tudo lá. Feito pela própria criança que, sem saber, escreveu um diário.

Através do Kindergarten não só as crianças ampliam seu contato social, os pais também. É quando a integração entre as famílias acontece. É comum nesse período que as crianças se visitem, mas ainda acompanhadas dos pais. Duas situações facilitam muito a integração de quem vem de fora: ter criança ou ter cachorro. No meu caso posso dizer que meu filho foi a chave para a integração mesmo. Mas não foi só isso.

Ainda vou falar mais sobre esse assunto, que nos últimos anos tem me ocupado bastante.