Após vários anos vivendo em subúrbios americanos super tranquilos na Flórida e na Georgia, mudei para a Baía de São Francisco na Califórnia. Estou de volta ao caos urbano.
– Transito, com direito a buzina, palavrão (sendo jerk, uma versão chula de idiota em inglês, o mais suave), e claro, gestos obscenos. Ah, e multas, coisa que não fazia parte da minha vida há muitos anos;
– Poluição, já faz duas semanas que apesar do frio não se pode acender lareira tradicional, sabe, do tipo que leva pedaços de madeira. Só quem tem o sistema a gás pode usar a lareira até sairmos do vermelho no índice de poluição atmosférica local;
– Pedintes nas esquinas, e sem teto vivendo em barracas de acampamento nos parques (se bem que para os padrões brasileiros tem sem-teto aqui até que bem equipado, mas também tem aqueles que dormem sobre papelão nas calçadas). Pelo menos não se vê crianças pedindo nas ruas;
– Filas enormes para pagar compras no supermercado, isso eu não enfrentava desde Xangai;
– Achar lugar para estacionar é um parto. Até os estacionamentos lotam, e há que se rodar para encontrar uma vaguinha apertada. Fazia anos que eu não precisava estacionar na paralela tanto quanto em São Francisco;
– Esperas absurdas nos restaurantes;
– Filas em postos de gasolina, juro;
– Custo de vida altíssimo, começando pelo preço do combustível, que na Califórnia é o mais alto dos Estados Unidos, tudo aqui é um absurdo. Os imóveis são ridiculamente caros, alugueis, escolas particulares, alimentos, enfim, somente os itens de consumo como eletrônicos, brinquedos, e roupas seguem os padrões que os brasileiros normalmente encontram no restante do país;
– Filas espetaculares no pedágio para atravessar a ponte “Bay Bridge” de Oakland para São Francisco, sabe quando a gente vai para o litoral em feriado, em fim de semana de jogos e shows grandes na cidade, fica daquele jeito, sem brincadeira, é de desanimar;
– Serviço público de qualidade duvidosa. Nem acreditei no atendimento que recebi num posto dos correios aqui perto de casa. Me senti em São Paulo;
– Correria insana, todo mundo está sempre correndo para lá e para cá num vai e vem incessante;
Enfim, estou me sentindo paulistana de novo. O stress está aumentando, a paciência acabando, e aquele jeitinho tranquilo que a gente adquire após anos vivendo em ambientes bucólicos (tipo cidadezinha do interior), está aos poucos sendo substituído por um certo ar de determinação, e aquela atitude de sai-da-frente-que-atrás-vem-gente, que todo habitante de grande metrópole conhece bem.