About Sandra Zumstein

Sandra nasceu em São Paulo. Após se formar em engenharia e trabalhar 8 anos na área comercial, em 2003 seu marido recebeu um project assigment de 2 anos na Alemanha. E então o que era para ser um período sabático acabou virando um projeto de vida. Os 2 anos viraram 3 e meio e, após 7 meses morando novamente em São Paulo, retornaram à Alemanha onde há 5 anos vivem em uma vila de 10 mil habitantes que pertence à cidade de Worms, ao sul de Frankfurt. Durante esse tempo houve inúmeras situações que merecem ser registradas aqui no HalloHello, acompanhem!

Minha vivência de pré-escola

Já que estamos falando em educação,  acho que chegou a hora de falar um pouco sobre o sistema daqui. Vou começar falando sobre a pré-escola.

As crianças de 02 a 06 anos vão ao Kindergarten (Jardim da Infância, literalmente, inclusive o conceito e o termo foi inventado aqui e copiado para o resto do mundo). Na escolinha do Gabriel, que era católica, haviam 3 grupos de 25 crianças cada, orientados por 3 educadoras. Há escolinhas menores, mas não conheço maiores. Há também as evangélicas e as públicas, sem confissão religiosa.

Em cada grupo há mistura de idades, não tem maternal, jardim e pré como no Brasil. As crianças de diferentes idades convivem e brincam no mesmo grupo, claro que respeitando os diferentes interesses. O interessante é notar que os mais velhos ajudam a cuidar dos mais novos, os que chegam. Acho que é por isso que os parquinhos aqui são tão tranquilos…

Não há programa pedagógico ou apostilas, também não é função da pré-escola alfabetizar. As educadoras estão lá para orientar e dar suporte às crianças no que elas têm vontade de fazer: criança tem que brincar. Alguns rituais e rotinas são encaixados na manhã da criança: música, círculo de conversa, rituais relacionados à Páscoa ou Natal, por exemplo.

Outro dia um brasileiro expatriado comentou essas diferenças comigo. Ele estava comparando o período em que os filhos dele iam à pré-escola em São Paulo. Todo dia havia um caderno, onde era anotado tudo o que as crianças faziam: o que e a que horas comeu, se dormiu, quanto dormiu, num nível de detalhe impressionante. Aqui não há nada disso. Educador é muito caro pra ficar escrevendo recadinho para pai e mãe, eles pensam. Anualmente há uma reunião, individual, com cada pai ou mãe, onde é falado sobre o desenvolvimento, os pontos fortes e os de melhoria de cada criança. E sempre que acontece algo que merece ser falado, a comunicação é feita na hora. Não senti falta de caderninho, não.

Quando a criança completa 5 anos ela é considerada um pré-escolar. Todas as crianças que irão para a 1a. série participam de um programa especial dentro do Kindergarten, que visa o preparo para a escola. Duas ou três vezes por semana uma parte da manhã para desenvolver atividades que trabalham melhor a coordenação motora fina para a escrita, as formas, eles passam a conhecer (oficialmente) algumas letras, etc.

O programa citado acima também visa minimizar problemas no início da vida escolar. De acordo com a mentalidade daqui, é uma mudança associada com bastante stress para as crianças. A criança passa não só a brincar, mas a ficar atento, a se concentrar, a seguir calendário, a fazer lição de casa…. Então o “peixe é vendido” devagar e de uma maneira a criar uma imagem positiva da nova situação.

A mochila é um símbolo dessa nova fase, ela geralmente é comprada com meses de antecedência. Além disso a criança vai junto para fazer a inscrição, faz visita na escola, onde participa de atividades em conjunto com os ex-colegas de Kindergarten que já estão na escola, há exame médico. No primeiro dia de aula todos recebem a “Schultüte”, um cone de papel e tecido em que é colocado um monte de presentinhos e doces para os recém escolarizados, há celebração religiosa e os alunos preparam uma festa para recepcionar os estreantes.

Ao final do Kindergarten cada um leva pra casa uma pasta grossa, tipo essas de arquivo. Durante os anos de Kindergarten eles mesmo decidem o que vai ser colocado na pasta. Isso estimula a independência da criança. O resultado é um “resumo” do que se passou… as atividades, os desenhos preferidos, a evolução, fotos, as avaliações, está tudo lá. Feito pela própria criança que, sem saber, escreveu um diário.

Através do Kindergarten não só as crianças ampliam seu contato social, os pais também. É quando a integração entre as famílias acontece. É comum nesse período que as crianças se visitem, mas ainda acompanhadas dos pais. Duas situações facilitam muito a integração de quem vem de fora: ter criança ou ter cachorro. No meu caso posso dizer que meu filho foi a chave para a integração mesmo. Mas não foi só isso.

Ainda vou falar mais sobre esse assunto, que nos últimos anos tem me ocupado bastante.

Pedágio para andar na rua? Eu não pago!!!!

No jornal de ontem fomos surpreendidos com uma terrível notícia: pedestres e ciclistas terão que pagar pedágio para circular no centro de Worms!!!

O que é isso, gente? Há tempos vêm se discutindo uma solução para o problema do caixa da prefeitura, onde – dizem – não há mais nem um centavo. Pra piorar, a dívida municipal alcançou níveis estratosféricos por causa da crise financeira e agora toda e qualquer fonte de renda será usada. Agrade ou não. Seja democrática ou não.

E os queridos “representantes do povo” resolveram o problema à moda brasileira: da noite para o dia criaram uma lei que faz surgir uma nova forma de arrecadação inspirada nos recentes tempos da idade média, quando as pessoas pagavam para circular pelas cidades. Dá pra crer numa coisa dessas? Afinal, se os carros já pagam imposto, por que não cobrar agora dos pedestres, não é mesmo?

Em todos os acessos ao centro de Worms estão sendo colocados guaritas com vigias, que cobrarão dos despreocupados a módica quantia de 1,00 euro para quem estiver a pé e 2,00 euros para quem estiver sobre rodas!!!!  Ainda bem que eu não tenho NADA a fazer no centro!!! Logo eu, que sou mão-de-vaca? –  diria meu marido. Literalmente agora é que eu pago pra não ir no centro.

As pessoas que passavam ontem pelo centro e observaram a colocação da guarita levaram um susto! Parecia que estavam vendo um filme… de terror! Como poderia ser uma coisa dessas? Quem deixou? Cadê a assinatura, p…?

Bem, depois de ler uma matéria de primeira página com título em letras garrafais sobre o horror de se pagar para andar, sobre onde seriam colocadas as guaritas, a área onde vale o pedágio e os horários em que seria cobrado E DE XINGAR MEIO MUNDO, o leitor era levado a outra página no fim do jornal. Uma nota dizia que, sim, era uma pegadinha do jornal! Ontem, afinal, era 1. de abril! Quem quiser que conte outra! HAHAHAHAHAHA, depois dizem que os alemães não têm senso de humor!

Se você também achou o absurdo do aburdo e se irritou mesmo com a noticia, então eu também atingi meu objetivo… apesar de com um dia de atraso!

 

Vai um Quiche aí?

A foto está apetitosa, agora vai uma receita – francesa – para variar o cardápio do dia-a-dia aí no Brasil. Eu adoro trazer influências de outras cozinhas para dentro de casa. Também é gostoso envolver as crianças na preparação do quiche, elas adoram mexer com massinha…

Detalhe: estou assumindo que minhas leitoras se viram um pouco na cozinha, por isso algumas explicações básicas, como por exemplo como refogar um legume, não estão incluídas. Se você “ainda” está nesse estágio, favor dar uma olhadinha na internet antes de começar para esclarecer alguns conceitos. Lá vai:

(para uma forma de diâmetro 28 cm)

Massa:

–       200 g de farinha de trigo

–       1 ovo

–       2 pitadas de sal

–       5 colheres de sopa de leite

–       80 g manteiga

Recheio:

–       1 kg de alho poró

–       150 g de bacon defumado picadinho

–       30 g de manteiga

–       sal, pimenta do reino e/ou nós moscada a gosto

–       ½ colher de chá de cominho moído (eu não uso)

Molho:

–       200g de creme de leite fresco

–       4 ovos

–       100 g de queijo gruyere ralado

–       sal

Farinha para a mesa de trabalho

Tempo de preparação: aprox. 1,5 h

Com a farinha faça um vulcão. No centro coloque o ovo, sal e leite. Corte cubos de manteiga e espalhe em volta. Com a ajuda de uma faca “corte” os ingredientes e amasse-os como “massinha”.  Quando a massa estiver bem lisa, use o rolo para produzir a base do quiche. Passe a massa para a forma, aperte para aderir a forma e faca vários furos com um garfo. Deixe na geladeira por aprox.. 45 minutos.

Ponha o forno para esquentar a 180 graus. Tire a raiz e a parte verde escura do alho poró (dica: pode ser feito com champignons frescos ou outro legume de sua preferencia). Corte em rodelas finas.

Esquente a manteiga e coloque o bacon picadinho para fritar. Reserve. Refogue o alho poró nessa gordura do bacon até estar macio (cerca de 5 minutos). Tempere com o sal, pimenta, noz moscada e cominho. (dica: eu acrescentei alho).

Bata os ingredientes do molho num pirex e tempere.

Misture o bacon com o alho poró e coloque-os sobre a massa. Regue com o “molho” ponha para assar. Cerca de 30-40 minutos ou até estar dourado. Antes de cortar espere esfriar por cerca de 10 minutos.

Para acompanhar, uma salada.

Bom apetite!!!

Quem quiser pode fazer 2 receitas e congelar, para consumir depois. É só tirar um pouco antes do forno e deixar esfriar. Coloque no saquinho de freezer e pronto!

Ovo soprado???

Mãe, tem que levar 3 ovos soprados para a escola.

O que, ovo soprado? – me surpreendi com a “lição de casa”

É, está escrito no meu caderno.

O que são ovos soprados?

Ah, são os ovos que a gente vai pintar para enfeitar a sala de aula.

Hummmm…. e como é que faz isso? – perguntei.

É fácil, mãe: faz um furo em cima, outro embaixo e sopra!

Certo. Então separei os 3 ovos, fiz o furo em cima com uma agulha (dica de uma amiga), outro um pouco maior embaixo do ovo (primeiro com a agulha, aí fui alargando com um prego bem grosso) e, com uma xícara embaixo, comecei a soprar no furo de cima. Sopra, sopra, se mata de soprar, e nada.

Meu Deus, como é que se faz pra tirar o conteúdo de um ovo cru, sem quebrá-lo?

Saí a procura de mais “especialistas”.

“Ah, a senhora tem que enfiar um coisa pontuda e fazê-la passar pelo ovo, pra que a membrana da gema se rompa!”, me disse uma educadora que já tem anos de estrada…

Ah, tá!!! Então usei o mesmo prego grosso e comprido e furei a gema. Após algumas sopradas, o conteúdo começou a sair do ovo… cuidado: importante ter um recipiente embaixo!!!

No terceiro ovo eu já estava craque! Aí é só decorar como quiser e pendurar pelas plantas da casa.

Essa é a mais tradicional decoração de Páscoa aqui na Alemanha. As crianças amam fazer isso. E as casas ganham um novo colorido após um longo e escuro inverno. É como se fosse um rito de passagem. Aos ovos pintados juntam-se figuras de coelhos, os narcisos, as írises e as crianças ganham brinquedos pra curtir a primavera e o verão. E para completar, 2 semanas de férias escolares. Quer época mais gostosa?

Páscoa aqui desperta um sentido de renascimento muito mais forte do que no Brasil. É quando se dá as boas vindas à primavera e a tudo que vem com ela. A vida vai ficar melhor, mais animada, mais colorida.  A gente vai poder sentar na varanda e curtir os primeiros raios de sol no rosto, plantar flores, mexer no jardim e brincar ao ar livre!

Só uma última coisa: eu ainda preciso falar o que teve para o jantar?

A primeira vez a gente nunca esquece….

Essa história de escrever em blog está mexendo comigo. Tenho me lembrado de tantas coisas engraçadas – ou não – que já aconteceram… e vontade de registrá-las também. Uma dessas histórias agora hilárias, aconteceu na primeira vez que botei meus pés em terras germânicas.

Quando um funcionário é transferido com a família para alguma cidade ou país diferente, acontece uma série de preparações para essa transferência. Onde vai-se morar, pra que escola vão os filhos, etc. são temas que perturbam nossa cabeça e são bem importantes para a nossa adaptação no novo ambiente. No meu caso um passo importante era fazer com que eu me sentisse mais “em casa” na medida em que soubesse me comunicar melhor. Eu nunca tinha aprendido uma palavra de alemão antes, a não ser “chucrute” – que depois ainda vim a saber que não é alemão, e sim francês!

Pois bem, ainda no Brasil tive algumas aulas de alemão pra começar a me familiarizar com o idioma, que na época era tão estranho pra mim quanto o japonês é hoje…. Aí aconteceu a primeira viagem de “reconhecimento”. Fomos instalados num hotel confortável, no centro de uma bela cidade, com muita opção de comércio, restaurantes, etc.

Meu marido foi trabalhar e eu, entediada em ficar no quarto de hotel assistindo nada na televisão, resolvi sair pra passear, “me aventurar”.

“Agora é a hora de eu testar meu alemão!”- pensei.

Joia!  Após andar por algum tempo observando as pessoas, os lugares por onde passava (pra não me perder, claro), as lojas e tudo o que havia à minha volta, pintou uma sede…. daquelas de deixar a boca sem saliva, sabe? Então entrei numa padaria e pedi pra moça, em alemão, toda orgulhosa:

“Uma água, por favor.”

“%&ˆ%$$%ˆ&**()()((*&ˆ%$##@!!@#$” – ela respondeu.

“Como?”

“&ˆˆ%$$##$%ˆ&*()))*&%$#@!@#”- ela retrucou.

Nesse momento ela, me vendo com cara de ponto de interrogação, colocou uma série de garrafinhas de água em cima do balcão, pensando estar me ajudando a escolher uma água. UMA SIMPLES ÁGUA!

Claro que não consegui saber o que era aquilo tudo… peguei uma das garrafas, ela pegou minha nota de 5,00 – eu não ia me atrever ainda a perguntar o preço, dei a nota que seria suficiente pra pagar a p… da água!

Peguei o troco e fui me embora. Nunca pensei que iria ficar tão esgotada por comprar uma água na vida! E o pior é que eu até hoje não sei o que a senhora falou pra mim…

O que fazer com as coisas que não nos servem mais?

Todo mundo vive esse dilema um dia, alguns por falta de espaço outros porque querem que a energia circule melhor, enfim, há várias maneiras de solucionar o problema. A primeira é não acumular. Em São Paulo provavelmente seria essa a minha solução, pois nos apartamentos de hoje não há lugar pra se acumular nada!

Aqui na Alemanha é diferente: a existência de porão na maioria das casas faz com que a gente acumule, junte, guarde tudo. O que foi pensado para ser um depósito de mantimentos após a guerra acabou se tornando o lugar perfeito para se colecionar e esconder coisas. Todo tipo de coisas.

Pois bem, chegou um momento em que disse “eu preciso me livrar dessas coisas”! E resolvi me inscrever para participar de um bazar na escola evangélica do bairro onde moro, vulgo mercado de pulgas. A idéia era a de não só fazer espaço e diminuir a conteúdo para uma possível mudança de endereço e com isso ainda arrecadar um dinheirinho (aqui o senso de valor do dinheiro tem um outro significado que pra nós, mas isso é outra história), mas também de propiciar ao meu filho um contato mais direto com esses assuntos monetários da vida, afinal ele está aprendendo isso na escola.

E tive uma experiência inédita, após quase 9 anos de Alemanha. Selecionei umas coisas, encaixotei, botei no carro e levei ao local do bazar. Chegando lá, descarreguei o carro e comecei a arrumar minhas “quinquilharias” em cima de uma mesa larga, como as outras pessoas. Recordei meus tempos em que tinha loja, analisando o melhor lugar pra por as mercadorias, como melhor separá-las, dei uma “chupinhada” na concorrência… muito engraçado. Também passei a conhecer outras pessoas do bairro, por exemplo a mãe de um colega do meu filho do futebol que tinha a banca dela em frente a minha…

O bazar ainda não tinha aberto ao público e algumas pessoas ainda estavam arrumando suas bancas quando eu comecei a observar meus arredores. Gente trazendo todo tipo de coisas de criança, algumas quase novas e outras nem tanto, modernas e antigas, e eu olhando aquilo e imaginando como seria a vida daquela pessoa, o que ela teria em casa, coisas desse tipo.

A sensação que tive foi inesperada e desconfortável. A impressão que eu tive é que toda aquela gente estava na minha casa, abrindo meu armário e bisbilhotando em minhas gavetas, coisa que nem a mais despojada anfitriã gostaria. Foi quando começaram a vir os primeiros compradores. Uma negociação aqui, outra ali, e de repente havia tanta gente no salão comprando que por mais de uma hora nem vi o tempo passar.

Depois disso, com mais da metade das coisas vendidas e algum dinheiro no bolso, percebi que idéia de ser “espionada” não me incomodava mais. Os alemães não tem vergonha disso, como nós latinos. Lá havia gente de todas as classes sociais comprando e vendendo seus badulaques, num clima perfeitamente normal. Afinal, por que jogar fora nossas coisas ao invés de repassá-la pra frente, para serem usadas por mais alguns anos? Eu mesma já havia comprado algumas coisas no bazar e nunca me arrependi.

Voltei pra casa com uma sensação muito boa. Eu me diverti fazendo aquilo. E estou pronta e mais afiada para o próximo. Meu porão está longe de estar no nível que eu gostaria…

Carnaval

Hoje estou oficialmente inaugurando o blog (de minha parte) e quero aproveitar pra falar do Carnaval, já que estamos em pleno feriado no Brasil. Sim, no Brasil, porque aqui não é feriado, não! Nem um mísero dia, nem na terça-feira! Foi a primeira coisa que me chocou em se tratando de Carnaval aqui. Só as escolas primárias e secundárias não funcionam, mas os trabalhadores que querem folga têm que tirar o dia de férias!

Na região onde vivo Carnaval é bem tradicional. Os das cidades de Colônia e Mainz são os maiores e mais famosos do Estado, com desfiles (aqui se fala “Umzug”, que quer dizer mudança, como na Bahia) na segunda-feira de carnaval que reúnem uma multidão de foliões vindos de vários outros Estados, dispostos a festejar o dia todo, a noite toda…

No sábado, domingo e terça-feira acontecem os eventos menores, nas vilas e pequenas cidades como a minha, onde as comunidades se organizam e o carnaval acontece com o desfile de vários blocos compostos pela associação desportiva, a escolinha, a juventude católica, o pessoal da velha guarda, etc. Os foliões acompanham um caminhãozinho, um trator, uma perua todo enfeitados e do alto se jogam doces (pipoca, chocolate, por exemplo) para as pessoas que aglomeram-se nas calçadas.

Eu acho muito impressionante o carnaval daqui. Há as associações carnavalescas, que iniciam os trabalhos de preparação no dia 11.11 do ano interior, as pessoas se inscrevem nas mudanças, preparam as fantasias, ensaiam… semelhante, não? O clima de alegria é muito parecido com o nosso. As pessoas aguardam esses dias para extravasar e fazer coisas que só se fazem nesses dias…

E me admiro que saia um carnaval que traz tanta diversão, tanta folia, numa cultura cujo ponto forte não seja sua alegria, descontração e criatividade. Principalmente porque falta uma coisa… um pequeno detalhe chamado MÚSICA. As mudanças a que já assisti eram acompanhadas por um aparelho portátil de som, que tocava a música brega daqui– chamada de Schlager – ou no máximo um bate-estaca da discoteca na tentativa de fazer o povo mexer as “cadeiras” pelo menos pelos poucos metros em que se ouve o som…

A conclusão a que chego é que há certos momentos em que se percebe fortemente a diferença entre o que é falar uma língua e pertencer ou crescer em uma cultura. Por mais que eu me esforce, que conviva com as pessoas, que faça amigos alemães, há um limite entre o que posso usufruir e o que não posso. Carnaval pertence a uma delas.

Claro que acompanho a festa, levo meu filho pra participar e acho até algumas músicas divertidas, mas nunca vou conseguir sentir a emoção de quando vejo o carnaval do Brasil, pela internet que seja. A energia é tão outra e a identidade cultural está mais presente do que normalmente. Ela nunca me deixa esquecer de onde eu vim, qual é minha raiz. E tenho muito orgulho dela. De verdade.

Um bom resto de carnaval para todos!

Beijos

Sandra