About Adriana Gomes

Adriana é brasileira nascida em São Paulo. Em 1997 seu marido, Flavio Gomes, recebeu uma oferta de transferência ao exterior. Desde então ela já morou em dois estados americanos, Flórida e Georgia, e também teve a oportunidade de viver por um ano em Xangai, na China. Em cinco mudanças internacionais incluindo um bate-e-volta de dois anos ao Brasil, Adriana teve seis endereços diferentes nos últimos quatorze anos. Sem dúvida ela já acumulou muitas estórias que pretende compartilhar aqui no Hallo Hello, acompanhem!

Por Que as Crianças Asiáticas São Tão Boas em Matemática?

Malcolm Gladwell é historiador e jornalista, membro do staff de escritores da The New Yorker. Ele nasceu na Inglaterra, mas viveu no Canadá dos seis anos até ir para a faculdade de jornalismo em Washington, nos Estados Unidos. Sua mãe é uma psicóloga jamaicana, e seu pai um matemático britânico. Todos seus livros atingiram a lista de Bestsellers do New York Times, e eu vou falar de todos no Hallo Hello, mas começarei pelo meu favorito, Outliers: The Story of Success que literalmente significa discrepantes e foi traduzido para o português com o título Fora de Serie – Outliers (Em Portugues do Brasil).

Este livro fala sobre pessoas de sucesso, não enfatizando individualismos, mas sim o que leva a cultura do sucesso, quem, ou o que cooperou para que certos indivíduos obtivessem sucesso em várias áreas, como esportes, direito, aviação, etc. Por que crianças asiáticas são tão boas em matemática? Por que uma grande parte dos jogadores profissionais de hockey nasceram em janeiro? As amostragens são incríveis e reveladoras. Como diferentes culturas forjam ambientes propícios para o cultivo de determinados talentos, e como podemos usar estes conhecimentos para obter sucesso em nossas próprias empreitadas.

Este não é um livro de autoajuda! É sim uma análise do que leva certos indivíduos ou culturas a se destacarem. Suas conclusões são surpreendentes e nos fazem pensar. Eu adotei vários conceitos discutidos em Outliers na maneira como eu educo minhas filhas, como por exemplo a regra das dez mil horas, com resultados fantásticos.

Vale a pena!

 

Why are asian schoolchildren so good at math?

Malcolm Gladwell is a historian and journalist. A The New Yorker staff writer since 1996, he was born in England, but moved to Canada with his Family when he was six, and lived there until going to College in Washington. His mother is a psychotherapist and his father a mathematician. All his books were New York Times Bestsellers and I will talk about them here at Hallo Hello starting with my favorite Outliers: The Story of Success.

Outliers talks about successful people, not from the steady point of view of their individualities, but analyzing the factors and/or people that contributed to their success in various areas like sports, aviation, law, etc. Why are Asian schoolchildren so good at math? Why are the majority of professional hockey and soccer players born in January? Which factors contribute to these particularities? He also shows us how different cultures foster different talents and why.

This is not a self-help guide, it is instead a study on what makes certain individuals and cultures stand out. Its conclusions are surprising and make us think. I adopted many concepts discussed in Outliers in the way I raise my girls, like the ten thousand hour rule, with great results.

It’s worth your time!

 

Brasil em guerra contra as grandes empresas de energia estrangeiras, será?

O Petróleo faz o mundo girar. Sob sua sombra negra nações crescem e caem.

A revista Bloomberg Businessweek desta semana destaca processo que o procurador brasileiro, Eduardo Santos de Oliveira, levantou contra a Chevron devido ao vazamento de petróleo no campo do Frade.

A empresa americana se diz chocada com o processo pois acredita ter lidado com o problema da melhor maneira possível encerrando o vazamento em quatro dias, porém foram muito criticados pela imprensa brasileira pela falta de clareza quando o vazamento foi descoberto.

Denis Palluat de Besset, Diretor Geral no Brasil da empresa petroleira francesa Total, declarou que a Chevron é simplesmente a empresa errada, no lugar errado, na hora errada, e que esse processo poderia estar acontecendo com qualquer empresa petroleira estrangeira no Brasil, devido ao clima político gerado por diferentes interesses ligados ao Pré-Sal dentro do governo. O processo contra a Chevron adiará a abertura da concorrência para a exploração do Pré-Sal para 2013, o que beneficia a Petrobrás que ainda tem grandes ajustes operacionais a fazer para poder assumir os 30% das operações ligadas ao Pré-Sal estabelecidas por lei.

A Petrobrás declarou no dia 30 de março em relatório aos seu investidores que teoricamente pode ter parte da responsabilidade nos acontecimentos do campo do Frade, e que o processo levantado contra a Chevron é exagerado.

O artigo ainda destaca que a Petrobrás apesar de ter tido vazamentos semelhantes em seus campos não é processada ou perseguida pela imprensa brasileira.

A atual Presidenta da Petrobrás Maria das Graças Foster disse em discurso na Câmara Americana de Comércio que a Chevron e a Petrobrás tem excelente parceria no Brasil, mas que a operadora precisa responder as questões oficiais.

Em 11 de abril um juiz federal negou o pedido do procurador para que a empresa interrompesse suas atividades no país. E no começo de maio os executivos da empresa ligados ao processo receberam permissão para viagens para fora do Brasil, desde que se comprometam a se apresentar quando chamados durante o mesmo.

Essas atitudes do judiciário brasileiro trouxeram alívio à Chevron e a todos que estão acompanhando este processo de perto. Esperasse que o judiciário brasileiro demonstre sua independência e seriedade no decorrer do processo que pode se arrastar por até dez anos.

Apesar da controvérsia o CEO da Chevron, John Watson acredita que a empresa não tomou as atitudes corretas em suas comunicações durante o vazamento, e declara que a empresa pretende seguir participando do mercado brasileiro.

Os jornalista responsáveis pela reportagem, Paul M. Barret e Peter Millard, observam que este processo não indica que os líderes brasileiros e os cidadão do país são contra a participação de empresas de energia estrangeiras no país.  Hoje operam no Brasil além da Chevron, a Total, a Royal Dutch Shell, a Statoil e a BP.

Os jornalistas ainda declaram que o Brasil não é a Argentina – muito obrigada – que em abril deste ano expropriou a participação da companhia espanhola Repsol no país, e muito menos o governo brasileiro pode ser comparado ao governo antiamericano da Venezuela.

O Brasil é riquíssimo em fontes de energia, porém ainda temos que regulamentar os processos de exploração e extração com muito mais rigor e controle, para garantirmos não apenas o sucesso e desenvolvimento do país, mas a segurança dos nosso profissionais, e a manutenção da nossa ecologia.

Ser Mãe é Aprender a Apreciar Bollywood Dance

A Sandra e eu decidimos que em homenagem ao Dia das Mães ambas escreveríamos artigos falando sobre nossas experiências sendo mães fora do Brasil. E ela escreveu um texto lindo, muito íntimo e honesto, contanto sua experiência pessoal. Tirando a complicação no último trimestre de gravidez que ela teve – minha gravidez foi bem tranquila, mas não me pergunte sobre o parto – nossas experiências têm várias semelhanças.

Eu pretendia falar de alguns aspectos da vida da mãe expatriada, como o nível de atenção e cuidado que eu ponho em tudo que eu faço para evitar acidentes e não faltar às minhas filhas, pois além de eu morar há aproximadamente quinze horas da casa dos meus pais, meu marido viaja bastante e eu não posso falhar. E como os amigos tornam-se ainda mais importantes, pois precisamos nos apoiar mutuamente.

Não abraço a minha mãe desde janeiro quando ela e meu pai retornaram ao Brasil depois de passarem as festas de fim de ano aqui nos Estados Unidos. Saudade!

Ou ainda, como eu aprendi a ser firme nas minhas decisões, pois não há ninguém por perto para me orientar, mas também não sou questionada nas minha escolhas para minhas filhas. Como a Sandra  mencionou em Meu Jeito de Ser Mãe, isso é “empowerment”, uma palavra em inglês que eu adoro e significa uma mistura de independência com responsabilidade, não existe palavra semelhante em português, assim como não existe “saudade” em inglês.

E principalmente, como eu aprendi a apreciar a minha mãe, depois que eu me tornei uma. E como eu, morando tão longe, sinto falta dela.

Pois é, eu pretendia elaborar sobre tudo isso, contando detalhes da minha vida de mãe vivendo no exterior. Mas sexta-feira, depois da minha conferência com a Sandra pelo Skype, recebi uma ligação da minha filha mais velha. Ligação típica de criança bem amada, daquelas que sabem que não importa a situação a mãe vai resolver a parada. E que me fez pensar como mãe é criatura tonta que só muda de endereço, não importa em que país a gente mora, se longe ou perto da família, que idioma a gente fala, qual nossa condição social e nosso nível cultural.

Giulia vestindo traje indiano para meninas que ela ganhou de presente de uma amiga da nossa família que é indiana. A nossa vizinha que foi muito gentil em emprestar a echarpe especial de última hora. O gesto da mão significa flor.

Minha filha querida, mal ou bem acostumada depende o ponto de vista, tinha uma aula especial de dança indiana na escola e esqueceu que tinha que levar uma tal de “dupatta”, uma echarpe longa que meninas indianas usam atravessando o torso na transversal, apoiada num dos ombros e amarrada logo abaixo da cintura do lado oposto do corpo. Como nós não somos indianos, eu não tenho nada parecido em casa, e ela deveria ter pedido uma dupatta emprestada para nossa vizinha indiana com dias de antecedência, é claro. Mas ela não fez isso porque estava atrapalhada com tarefas e testes atrasados, pois havia perdido quatro dias de aulas na semana anterior por estar super resfriada, olha só, eu sigo dando desculpas para as distrações dela, ai ai ai, mãe tonta é pouco, sou incurável mesmo.

Enfim, ela me ligou pedindo para eu ir na casa da vizinha pedir a dupatta emprestada, e levar para ela na escola, que fica há uma hora de casa (quando não tem trânsito). E eu fiz! Fala sério, eu deveria ter dito a ela que se virasse e que aprendesse a ser mais organizada, mas não. Não apenas fui pedir o favor para a vizinha, levei a tal dupatta para ela e fiquei assistindo a aula de dança. Detalhe, eu peguei o resfriado dela e estava miserável, como ainda estou hoje, mas dirigi até lá, super devagar com a cabeça zonza por conta do antigripal, mas fui. Até filmei… Típica mãe babona, e bobona!

Kilaka Hasta - este gesto significa afeição, sentimento amoroso, ou conversas engraçadas dependendo como se usa na coreografia.

E o pior, eu que sempre achei filmes de Bollywood o cúmulo do brega, achei a dança linda. Fiquei encantada com as explicações dos gestos e a energia dos movimentos.

Eu aprendi que Bollywood Dance é o hip-hop indiano, uma popularização da dança clássica indiana que é muito mais rigorosa. Na dança clássica indiana cada gesto, cada posição do corpo tem um significado e toda dança conta uma estória, existem coreografias milenares que contam lendas da história do país, e são praticadas rigorosamente. Já a Bollywood Dance é mais solta, usam-se os gestos para expressar sentimentos e atitudes, mas a prática é menos rigorosa e as músicas tem uma batida mais forte e rápida. Adorei!

Ser mãe é abrir a cabeça às novas experiências para acompanhar a evolução dos filhos, e aprender a apreciar Bollywood Dance!

Feliz Dia das Mãe!

Brasil x Argentina no Ranking dos Melhores Países Para as Mães no Mundo

Desfrutar do prazer de ser mãe com saúde e segurança é direito de todas, mas, infelizmente no mundo em que vivemos, privilégio de poucas.

Tenho uma notícia difícil para compartilhar:

No ranking de 2012 da ONG Save the Children, dos países com melhores condições para as mães, entre os países em desenvolvimento, a Argentina está em 2o lugar e o Brasil em 12o. Como assim?

Pois é, Cuba está em primeiro lugar, o que não nos incomoda, mas a Argentina dez posições acima, não vai dar, precisamos fazer alguma coisa. 😉

Li o documento inteiro e observei que, entre os fatores que colocam a Argentina tão a nossa frente, dois saltam a vista:

– O  primeiro é o nível de escolaridade das mulheres, lá as mulheres completam em média 17 anos de escola, e no Brasil apenas 14, ou seja na Argentina a maioria das mulheres tem terceiro grau completo e no Brasil a maioria para no segundo grau.

– Outro fator gritante é o percentual de mulheres em cargos públicos. Na Argentina 38% dos cargos públicos são ocupados por mulheres enquanto aqui no Brasil apenas 10%.

Portanto precisamos assegurar o futuro acadêmico das nossas meninas e incentivá-las no exercício da cidadania. E quem sabe daqui a alguns anos a gente encosta em Cuba.

Estamos no caminho certo, o Brasil está entre os países que surpreendentemente, apesar da má distribuição de renda, conseguiram diminuir o nanismo infantil – nanismo é um fenômeno ligado a subnutrição, as crianças não se desenvolvem como deveriam e ficam baixinhas e frágeis. Nós estamos em 7o Lugar entre os quinze países com maior progresso contra a subnutrição, conseguimos diminuir o nanismo em 60% nos últimos 20 anos.

Porém nossos índices de amamentação são baixos, e precisamos melhorar se queremos virar a página da subnutrição infantil de vez. O estudo destaca a amamentação como fator principal na luta contra esse mal que tanto aflige a humanidade.

Vamos salvar nossas crianças! E ganhar o jogo de virada não é nada mal.

Mis amigos Argentinos perdonen-me por favor, pero una competencia saludable e siempre buena.

Outlets Americanos

É difícil um brasileiro planejar uma viagem aos Estados Unidos e não incluir no roteiro alguns dias de compras, e faz muito sentido, afinal os preços de praticamente tudo são mais baixos aqui que no Brasil.

Este é o primeiro de uma série de artigos que vou postar sobre compras nos Estados Unidos que incluirão além de Outlets:

Lojas de Departamentos;

– Eletrônicos;

– Sam’s Club, Costco e BJ’s;

– Lojas de Consumo Massivo (Wal-Mart, Target, etc.);

– Supermercados e Farmácias.

Outlet Malls nos Estados Unidos

Outlet Mall (em inglês shopping center chama-se mall, que se pronuncia mól), nos Estados Unidos é coisa séria. Estes imensos centros de compras tem pontas de estoque das principais marcas americanas de roupas, calçados e acessórios, para adultos e crianças, como Nike, Polo, Gap, Levi’s, Guess, etc. E alguns deles como o sofisticado Premium Outlet da Vineland Avenue em Orlando surpreendem ainda mais com lojas da Fendi, Giorgio Armani e Prada, entre outras marcas europeias fabulosas. E para quem curte equipamento de som sofisticado, a Bose costuma ter suas lojas em outlets.

Os americanos também compram nos outlets, e estes empreendimentos fazem tamanho sucesso que várias marcas desenvolvem linhas de produtos específicos para este canal.

Algumas lojas de departamentos, têm nos outlets suas pontas de estoque, como a Last Call da Neiman Marcus e a Off 5th da Saks Fifth Avenue, onde você pode garimpar marcas sofisticadíssimas do mundo todo.

Nos links abaixo você encontrará os endereços dos principais outlets dos Estados Unidos organizados por estado, com endereços completos e listas de lojas e serviços que cada um oferece. Dificilmente não haverá um outlet próximo de onde você se hospedará, ou viverá em caso de expatriação.

Vale a pena rodar uma hora para ir  a um deles? Com certeza! Comece suas compras sempre no outlet, para evitar passar o nervoso de ver itens que você já comprou sendo vendidos pela metade do preço.

Outlets:

– Premium Outlets:

http://www.premiumoutlets.com/centers/index.asp

– Tanger Outlets:

http://www.tangeroutlet.com/center/

– Simon Malls – uma grande parte dos outlets americanos são administrados pela Simon inclusive o fantástico Sawgrass Mills na Flórida:

http://www.simon.com/search/SearchResults.aspx?us=1

– Outlet Bound – site de localização que oferece avaliação de outlets:

http://www.outletbound.com/

-USA Outlet Malls – site de busca por estado:

http://www.usaoutletmalls.com/usa-outlet-malls-about-us/

– Last Call by Neiman Marcus:

http://www.lastcall.com/

– Saks Fifth Avenue Off 5th:

http://www.off5th.com/CN/Channelnet.cnsp?cn=sitebuilder&act=view&crt=sitekey=3

Se você não tiver tempo de muita coisa, só uma visitinha a um destes templos de consumo te farão feliz.

Banquete Chinês? Socorro!

Salão preparado para um banquete chinês.

Quando morávamos na China, fazia parte do trabalho do meu marido socializar-se com empresários locais, portanto ele rapidamente  aprendeu como sair para comer fora com chineses em suas casas de banquetes, restaurantes tradicionais onde eles adoram fazer almoços e jantares de negócios, e também celebram casamentos, aniversários, etc. Se você for convidado por um chinês, para uma refeição em uma casa de banquetes, prepare-se. Pode levar terço, imagem de Iemanjá, cristais, raminhos de sete ervas, o que estiver a sua disposição para te ajudar a segurar a aflição, pois é muito difícil disfarçar o desgosto quando alguém tira o par de pauzinhos chineses da boca, pega um pedaço, sei lá do que, de uma travessa, põe no seu prato, e fica te encarando esperando você comer.

Este quadro se complica quando você descobre que somente o anfitrião recebe um cardápio, e pede para todos. Não tem choro nem vela. A não ser que você compreenda mandarim, você só saberá o que vai comer quando os pratos forem servidos. As travessas são colocadas no centro da mesa que em geral é rotatório, tipo “lazy-Susan” como dizem os americanos, e todos se servem com seus pauzinhos, aqueles mesmos que eles usam para levar a comida à boca. O prato a sua frente é pequeno, como um pratinho de sobremesa, e conforme se enche de ossos, e outras partes indesejadas, vai sendo substituído. No mínimo pede-se um prato de carne vermelha, um de peixe, um de frango, um de porco, um vegetal quente e um frio. Para finalizar arroz, e como sobremesa frutas a alguns docinhos de feijão deliciosos. Dependendo do tamanho do grupo e da ocasião pedem-se muitas variações dessa combinação. O Flavio chegou a atender um banquete com trinta e três pratos diferentes.

Não é verdade que em toda China come-se absolutamente de tudo. As pessoas nascidas em Shanghai, por exemplo, não têm costume de comer escorpião ou carne de cachorro, mas como Shanghai é uma metrópole que recebe chineses de todo o país em busca de melhores oportunidades, encontra-se de tudo. Os Shanghaineses, no entanto, têm preconceito contra os emigrantes de outras províncias, e dizem que eles comem tudo que tem quatro pernas, menos as mesas e as cadeiras porque elas não andam. Quando eu ouvi essa estória de uma Shanghaines de classe média muito bem vestida eu pensei aliviada, que maravilha. Delirei!

Os mais jovens de classe média para cima, em Shanghai e Beijing, digamos abaixo dos quarenta anos, em geral são vaidosos e cultivam boas maneiras. Preciso destacar que conheci muitos chineses cultos, bem vestidos, e de excelentes maneiras, entre os colegas de trabalho do Flavio e no bairro onde morávamos, mas essas são exceções. A maioria da população tem sérias deficiências no quesito higiene pessoal, e nos modos e costumes. Porém todo chinês é orgulhoso, e um desrespeito aos seus costumes pode atrapalhar uma negociação, e aqui entre nós, acho que eles se divertem nos colocando em saias justas.

Pois bem, os primeiros banquetes chineses do qual participei vieram carregados de pressões sociais, gafe nem pensar, afinal foram todos durante a semana de abertura das Olimpíadas de 2008 em Beijing, onde meu marido fazia parte da comitiva da Kodak, empresa para a qual ele trabalhava na época, e que era uma das patrocinadoras oficiais dos jogos. Lá participamos de vários eventos, o primeiro foi um banquete maravilhoso no Grande Salão do Povo que fica na Praça da Paz Celestial. Este evento incrível, num prédio histórico tão importante onde se recebem dignitários, foi elaborado para agradar aos ocidentais presentes, incluindo o Board da Companhia, e clientes convidados pela empresa, grandes empresários vindos de todas partes do ocidente para atender aos jogos. Também participaram diretores gerais, como o Flavio, que foram a trabalho para receber e acompanhar os clientes durante os eventos Olímpicos e de negócios. Foi um momento inesquecível, absolutamente espetacular. E eu que havia chegado de mudança a Shanghai fazia apenas uma semana, deixado minhas filhas na nossa nova casa com meus pais, e embarcado para Beijing especialmente para atender aos jogos olímpicos com o maridão, estava nas nuvens.

No dia seguinte assisti a abertura dos jogos de uma cadeira numerada muito bem localizada e fui das nuvens ao paraíso, que show fantástico. E assim seguia eu, deslumbrada com os chineses, sua cultura milenar, e suas comidas, que até então tinham sido preparadas para o paladar ocidental, para o meu paladar. Na nossa terceira noite em Beijing participaríamos de um banquete para os clientes locais da companhia, empresários vindos de várias províncias da China a convite da Kodak, e que estavam muito curiosos para conhecer o novo gerente geral da companhia na Ásia, meu marido, chique mesmo isso, e eu estava animadíssima para mais um banquete maravilhoso.

Garrafinha discreta de Baijiu - totalmente desproporcional ao quanto se bebe.

Garrafinha discreta de Baijiu - totalmente desproporcional ao quanto se bebe.

O grande porém, que a deslumbrada aqui não considerou, é que este banquete deveria impressionar a um grupo de empresários chineses com suas esposas. O cardápio escolhido com antecedência tinha sido elaborado para agradar aos clientes, óbvio, e meu marido e eu seríamos, não apenas os únicos ocidentais, mas a principal atração. O Flavio nunca havia me chutado por baixo da mesa, mas naquela noite achei que minhas canelas ficariam roxas. Ainda bem que existe baijiu (se diz baidjou, que significa literalmente bebida branca, e em português chamamos de whisky de arroz ) um destilado com quarenta a sessenta por cento de teor alcoólico tradicionalmente feito de sorgo, mas que pode também ser de outros grãos como trigo, cevada, painço e arroz, dependendo da província.

O baijiu é servido em pequenos copos, como aqueles de vodca, mas um pouco mais baixos, e a prática é dizer entusiasmadamente gan bei (pronuncia-se gambei que significa beba tudo em mandarim, e se usa como usamos a palavra saúde quando brindamos), virar o copo e somente depositá-lo de volta na mesa vazio, não pode sobrar nem um golinho para o próximo brinde. Durante banquetes chineses brinda-se muito, e por qualquer coisa, o que me ajudou bastante naquele dia. Caros leitores(as) eu não sou de beber, mas em minha defesa preciso dizer que tem comida que só desce com álcool, muito álcool.

Pois bem, chegamos ao evento, fomos apresentados a todos os convidados, e nos sentamos numa mesa cercados pelos maiores clientes da companhia na China. O que eu ainda não sabia, mas significava se danou querida. Estes senhores, na maioria acima dos cinquenta, e suas esposas, na minoria acima dos cinquenta, estavam animadíssimos, e conforme os pratos foram chegando a mesa se puseram a falar de sua gastronomia com entusiasmo. Os chineses tem muito orgulho de sua gastronomia, Deus os abençoe, como diz o pessoal do sul dos Estados Unidos. Enquanto eles falavam eu sorria e tentava arduamente compreender o inglês deles, e de repente um pedaço não sei do que apareceu no meu prato diretamente do hashi (pauzinhos chineses) de um senhor sentado ao meu lado. Senti um chute na canela, me empertiguei, peguei o item e enfiei na boca sorrindo e assentindo com a cabeça, ufa era uma carninha parecida com frango que eu não perguntei o que era exatamente, preferi ficar na ignorância. Meu colega de refeição assentiu sorrindo satisfeito, e meu marido deu tapinha encorajador no meu joelho por baixo da mesa. Socorro! Pensei eu desconsolada, e meu marido ergueu seu copo e gritou gan bei! Todos repetimos gan bei e viramos nossos copos. Detalhe, se alguém na sua mesa grita gan bei todo mundo tem que beber junto.

Tentei manter meu pratinho cheio de comidas que pareciam palatáveis com a ajuda do Flavio, para não deixar espaço para contribuições do meu vizinho, mas vira e mexe aparecia alguma coisa desconhecida. Para eles isso é extremamente simpático, e eu não estava em posição de contrariar ninguém sob pena de ofender algum cliente importante da companhia, e gerar problemas futuros para o meu marido. Os chineses guardam rancor social pra valer.

Peixe Assado no Vapor - Eu gosto de peixe, mas preparado assim só para quem come desde criança.

Seguia eu orgulhosa da minha atitude positiva diante da situação quando chega a mesa um peixe assado, um tanto pálido, mas bem bochechudo. Acontece que as bochechas dos peixes são iguarias muito apreciadas pelos chineses. Meu vizinho disse algo em mandarim, todos os chineses concordaram sorrindo, e ele então removeu uma das bochechas do peixe a nossa frente com seu hashi, e depositou no meu pratinho. Olhei para aquele pedaço de gordura gosmenta no meu prato e sem querer arregalei os olhos, meu marido me deu um chutaço por baixo da mesa e eu comecei a rir, meio histérica meio bêbada. Quando levantei os olhos notei o silencio observador dos nossos colegas de mesa, acenei com a cabeça rigorosamente enquanto ria para a aprovação geral do meu público, me alinhei, e enquanto com uma mão pegava a bochecha do peixe na ponta dos meus pauzinhos, com a outra levantei o copo misericordiosamente cheio até a boca e gritei GAN BEI! Enfiei aquele treco liguento na boca e virei o baijiu em cima. Meu público aplaudiu, e depois disso não lembro mais nada.

Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça do tamanho da China e um gosto horrível na boca, mas o Flavio disse que eu arrasei no banquete e que saí de lá andando com as minhas próprias pernas.

Para quem gostaria de tentar um banquete chinês há um contato interessante no link abaixo que descreve um em detalhes:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/comida/ult10005u368510.shtml

Dia da Terra 2012

arvore dos continentes

Todos fazemos parte do mesmo sistema ecológico.

Em 22 de abril de 1970 foi celebrado o primeiro Dia da Terra. O objetivo do senador americano Gaylord Nelson era trazer os problemas ambientais do planeta para a esfera política americana que infelizmente segue até hoje esquiva como nos mostrou o Protocolo de Kyoto.

Hoje espera-se que um bilhão de pessoas no mundo inteiro se mobilizem em apoio ao Dia da Terra. Nossa missão é demonstrar claramente aos nossos líderes que queremos sim um futuro baseado em sustentabilidade num planeta onde as mudanças ambientais que nós geramos ameaçam nos destruir.

Frustrados com a falta de políticas internacionais “verdes”, ativistas buscam forjar um novo acordo a ser assinado em junho na conferência das Nações Unidas que terá como tema: “Economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza”. O evento está confirmado para acontecer de 4 a 6 junho de 2012, no Rio de Janeiro. A Rio 2012 vai marcar os 20 anos da Eco 92, que também ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Rio 92.

Temos divulgado o Dia da Terra em nossa página no facebook – http://www.facebook.com/hallohellonet– durante toda semana, e hoje que é o Dia da Terra parei para avaliar o que eu, como cidadã do mundo, faço pelo meu planeta. Honestamente, muito pouco, sigo o calendário do bairro com os dias e horários certos para regar as plantas, somente ligo lava-louças, lava-roupas e secadora quando estão devidamente lotadas, não deixo a torneira aberta enquanto escovo os dentes, tento não deixar luzes acesas em ambientes que não estão sendo usados, e reciclo de acordo com as regras da Georgia, que não são das mais completas, no geral essas são ações simples que não exigem sacrifícios, e que se todos praticarmos fazem diferença.

Mas agora tenho uma filha escoteira – brownie – que toma banhos eficientes de três minutos, usa o verso dos papéis que o papai imprimi para fazer rascunhos de lições, e anda pela casa apagando as luzes esquecidas. Ela é uma verdadeira polícia ecológica dentro de casa, só não encara a irmã de treze anos, que segue tomando banhos um tanto prolongados, porque não é louca, ela pede para eu interceder com a fera adolescente, espero que a moça aprenda a sonhar acordada a seco em breve.

Quando trocamos o telhado da casa há dois anos orçamos painéis solares, mas ficava muito caro, e teríamos que derrubar várias árvores do nosso quintal para termos boa exposição ao sol. Não valia a pena. Ainda há que se investir muito em tecnologias verdes para torná-las acessíveis.

Imposto de Renda nos Estados Unidos

leao

Apesar de parecer manso, o leão americano morde pra valer.

É hoje o último dia para a entrega da declaração de imposto de renda nos Estados Unidos. Aqui existem algumas diferenças gritantes que causam grande impacto quando a gente põe tudo na ponta do lápis.

A primeira é que gastos com escola particular não são descontados do imposto. Portanto a busca por um bom distrito escolar pode salvar o orçamento familiar.

Despesas médicas somente são descontadas se ultrapassarem o teto de 7.5% da sua renda bruta. Quem dispõe de seguro saúde tem em geral uma cobertura de 80 a 90% do custo total das despesas médicas cobertas pelo plano, portanto ninguém quer receber este desconto que indica sérios problemas de saúde na família.

O desconto mais significativo que se tem é referente aos juros da ipoteca da casa. Que aqui são baixíssimos. Portanto pode-se assumir que pagamos mais imposto aqui do que pagaríamos no Brasil, porém temos melhores serviços.

O que não muda em lugar nenhum é a natureza humana. Assim como no Brasil a maioria das pessoas deixa tudo para o último dia, e hoje estão em Rê Bordosa tentando fechar os números até a meia noite.

Educação Pública de Qualidade nos Estados Unidos e no Brasil Também

Existem dois fortes preconceitos que nós brasileiros temos, achamos que o ensino público no Brasil é péssimo em geral, e que nos Estados Unidos é sempre excelente.

Não vou falar aqui de generalizações que não são úteis e apenas forjam desentendimentos, ao contrário o que quero é esclarecer que existem ótimas e péssimas escolas públicas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

O sistema educacional americano passa por uma forte crise, não apenas relacionada a crise econômica, apesar desta ter incrementado o problema significativamente, mas também ligada ao “No Child Left Behind Act”. Este ato do congresso americano foi implementado durante o governo do ex-presidente  George W. Bush  e direcionou uma grande parte dos recursos humanos e financeiros do sistema educacional do país a atender crianças com dificuldades no aprendizado, em detrimento de programas mais estimulantes aos bons alunos. Certamente esta não era a intenção do programa quando foi lançado, mas foi a consequência de regras que determinam que escolas com baixa média nos testes estaduais padronizados não recebam recursos federais. Sem contar as fraudes que ocorreram em distritos de baixa renda, desesperados por não perder recursos. A intenção foi boa, mas o resultado questionável, e vários estados estão batalhando para revogar a lei federal. O estado de Indiana em conjunto com outros nove estados americanos já conseguiu revogar a lei.

Por todo país buscam-se soluções viáveis para a recuperação do sistema educacional público americano, recentemente um artigo da revista TIME destacou um novo projeto do Departamento de Educação da Cidade de Nova York em parceria com a Faculdade de Tecnologia da Cidade de Nova York, a Universidade da Cidade de Nova York, e a IBM: A P-Tech, ou “Pathways in Technology Early College High School” é uma escola com sistema de admissões aberto, ou seja, não se restringe a receber alunos dentro de um único distrito escolar.

Este projeto faz parte do esforço para melhorar a qualidade de ensino nos Estados Unidos, e tem como objetivo alimentar a indústria americana que no momento sofre carência de mão de obra especializada com nível médio de ensino.

Este modelo é novo, mas seu sistema de admissão de alunos lembra muito as escolas magnéticas americanas. “Magnet Schools” foram criadas na década de 60 com o objetivo de diminuir a segregação nas escolas americanas através da oferta de currículos especializados que atraem alunos de diferentes distritos escolares. Estas escolas têm propostas de ensino variadas, desde cursos técnicos profissionalizantes nas áreas de biológicas e exatas, a programas voltados às artes.

No Brasil temos as escolas técnicas federais e estaduais que também admitem alunos de diversos distritos escolares desde que passem nos seus vestibulinhos. Também temos currículos variados desde cursos profissionalizantes em tecnologia como o da Escola Técnica Federal de São Paulo – http://www.ifsp.edu.br/ – a programas como o CODAI que oferece cursos técnicos em agropecuária com especializações até em queijos, e que não fica em Minas Gerais, mas sim em Pernambuco.

De acordo com o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) entre 2006 e 2009 os Estados Unidos caíram de 14º em leitura para o 16º lugar; de 25º a 34º em matemática; e de 17º a 22º em ciências. Mesmo assim estão muito a frente do Brasil. A boa notícia porém é que a análise comparativa dos resultados dos testes de 2006 e 2009 demonstram que o Brasil está progredindo rapidamente nas três matérias avaliadas pela organização. Vamos aguardar os resultados de 2012.

Se você está de mudança para os Estados Unidos e tem filhos em idade escolar, siga a prática americana de escolher casa de acordo com o distrito escolar, mesmo que tenha que rodar um pouco mais para ir trabalhar.

Confira os links abaixo:

http://www.greatschools.org/

http://www.thedailybeast.com/newsweek/features/2011/americas-best-high-schools.html

https://www.magnet.edu/modules/news/article.php?storyid=220

http://www.neighborhoodscout.com/ca/schools/

http://www.schooldigger.com

http://nces.ed.gov/ccd/schoolsearch/

Se você vive no Brasil e busca uma boa alternativa no ensino público, visite estes sites:

http://www.etesp.com.br/escolas.php

http://redefederal.mec.gov.br/index.php