Hoje, 1o. de Agosto, é o Feriado Nacional da Suíça. Comemora-se o dia em que, em 1291, foi criada a Confederação Suíça. O nome Schweiz (em alemão) origina-se do antigo cantão de Schwyz.
O jornal alemão Die Welt publicou hoje uma matéria na qual sugere que o país deva ser tratado “com mais respeito”, pois ele tem muito a ensinar aos países que estão atualmente em crise, pelo seu modelo econômico e politico bem sucedido.
Na década de 1940 seus vizinhos de mapa não eram lá muito amigáveis: a Alemanha nazista ao norte, a Itália fascista ao sul, no oeste a França dominada pelos nazistas, Áustria. O único país fiel a Berna – e com a qual mantinha um acordo alfandegário – era Liechenstein, uma monarquia hereditária que não possuía exército e tinha um território de 160 quilômetros quadrados. Com toda essa pressão externa, a Suíça desenvolveu um plano de defesa de seu território que, em caso de ataque dos alemães, envolvia a rendição das planícies entre as montanhas Jura e os Alpes e uma uma retração nos Alpes, que seria defendido até o último homem.
No período pós-guerra, entretanto, a Suíça foi um dos poucos países que, em todos os níveis, tentou integrar a recém formada Alemanha na Europa. Isso os alemães têm a agradecer. O pós guerra foi um período de desenvolvimento sem precedentes na história do país. A Suíça em si não é um país rico, vive do trabalho e da capacidade inovativa de seus cidadãos, além de sua posição geográfica estratégica no coração da Europa. Por isso mesmo foi repetidamente invadida e roubada pelos países mais poderosos, antes do século 20.
Só conseguiu sobreviver como nação porque desenvolveu uma “Idée Suisse”, um conceito de identidade nacional associado a uma administração descentralizada e participativa dos cantões (similares aos Estados). Além disso, como é conhecido, os 4 grupos (germânicos, franceses, italianos e romaneses), a caracterizam como o primeiro país multicultural do mundo. Isso não seria possível se não houvesse uma forte proteção às minorias, uma participação de todas as línguas em todos os níveis da administração pública e principalmente uma descentralização administrativa e econômica.
A Suíça é um dos países que mais usa, se não o que mais usa, o sistema de consulta popular para tomar decisões – e em todos os níveis: de decisões sobre o número de dias de férias, passando pelo sistema de saúde e incluindo os contratos governamentais.
Além disso, a Suíça já tem um sistema de controle de gastos públicos desde 2001 (ano em que a Grécia entrou para a Comunidade Europeia), também decidido por plebiscito. Nos últimos anos sua economia produziu um superávit de 0,7% do PIB ao ano, o que na Alemanha não acontece desde 1969…
É comum ignorar-se o fato da Suíça ser, na verdade, uma potencia industrial. O valor de sua produção é o dobro do gerado em Cingapura ou Noruega. E é através do uso de automação que ainda é possível produzir no país, apesar dos altos custos com mão-de-obra. Outro número que impressiona: a Suíça exporta 80% a mais per capita que a Alemanha, isso sim é um “campeão de exportação”! Em contrapartida, o setor financeiro é responsável por apenas 15% do PIB. Os impostos gerados por esse setor correspondem apenas entre 12 e 16% do total arrecadado.
Aliás, os investidores estrangeiros chegaram à Suíça porque, há algumas décadas atrás, recebia-se juros até mesmo negativos por seus investimentos em outros destinos. A Suíça oferecia segurança política e econômica, sem inflação, o que era raro na época. Além do mais, a Suíça é quase imbatível em termos de segurança de dados…